Em ano de eleições municipais, deputados e senadores vão destinar para estados e prefeituras em 2024 um montante recorde das chamadas "emendas PIX" ao Orçamento da União.
Ao todo, serão R$ 8,2 bilhões enviados para os governos locais por essa modalidade de transferência, considerada menos transparente.
O valor é quase um terço dos R$ 25,1 bilhões que os deputados e senadores podem indicar como "emendas individuais" – que têm cumprimento obrigatório, ou seja, não podem ser ignoradas ou canceladas pelo governo federal.
Entenda como funciona uma "emenda PIX"
- Tradicionalmente, ao propor uma emenda no Orçamento para beneficiar um estado ou um município, o parlamentar precisava indicar a área e o serviço no qual o dinheiro seria usado (por exemplo, construção de hospitais em uma cidade ou pavimentação em um bairro).
- As "emendas PIX", criadas em 2019, dispensam essa informação. O dinheiro vai para o caixa da prefeitura ou do governo estadual, que decide por conta própria onde investir – e nem precisa informar o governo federal, depois, sobre o destino do recurso.
- Oficialmente, esse mecanismo é chamado de "emenda individual de transferência especial". O apelido, no entanto, virou "emenda PIX" justamente por ser uma transferência simplificada.
Para 2024, o Congresso reservou R$ 25,1 bilhões para o total de emendas individuais, de qualquer tipo. Metade desse valor tem que ir pra saúde, e o restante fica a cargo de cada parlamentar.
Com isso, R$ 13 bilhões dos R$ 25 bilhões vão para a saúde.
Dos R$ 12,1 bilhões restantes, no entanto, 68% viraram emendas PIX – e vão para estados, municípios e Distrito Federal sem nenhuma indicação prévia de onde serão investidos.
As emendas de cada área
A opção pelas emendas PIX superou, por exemplo, investimentos em áreas como desenvolvimento social, educação, esporte e cultura.
O envio de verbas para a área de desenvolvimento social gira em torno de R$ 657 milhões — 12 vezes menos do que os parlamentares encaminharam via transferência especial para estados e municípios.
As emendas para educação, enquanto isso, somam R$ 628 milhões.
Emendas individuais no Orçamento 2024
- Saúde: R$ 13.030.326.203 (obrigatório)
- Transferências especiais (sem área definida): R$ 8.151.617.074
- Desenvolvimento social: R$ 657.430.496
- Educação: R$ 628.672.443
- Esporte: R$ 495.197.552
- Integração nacional: R$ 355.918.987
- Cultura: R$ 303.056.086
Baixa transparência
Além do apelido de "emenda PIX", essas transferências especiais também são conhecidas como "emendas cheque em branco", em referência à dificuldade de rastrear a finalidade do dinheiro.
Especialistas criticam a falta a de transparência desta modalidade, porque, uma vez repassado o dinheiro, os estados, os municípios e o Distrito Federal podem gastar como bem entenderem.
Essas transferências começaram a ocorrer em 2020 — quando foram aplicados R$ 621,2 milhões. Em 2021, deputados e senadores enviaram R$ 2 bilhões em emendas PIX.
O valor cresceu para R$ 3,3 bilhões em 2022. No Orçamento de 2023, chegou a R$ 7,1 bilhões. E agora, em 2024, o total será de R$ 8,2 bilhões.
A destinação das emendas já consta no Orçamento deste ano.
Apesar de serem obrigatórias, o governo vetou a proposta de criar um calendário para o pagamento dos valores e, por isso, o Executivo pode escolher o ritmo em que libera o dinheiro. O veto ainda será analisado pelo Congresso Nacional.
Com informação do G1
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