Documento sem título






 















19/07/2023




O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira em entrevista ao fim de sua viagem à Bélgica, onde participou da cúpula da União Europeia com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que se governo e oposição da Venezuela chegarem a um acordo sobre a realização das eleições, "haverá autoridade moral" para demandar o fim das sanções "absurdas" ao país.

 

 

 

 

Para o presidente brasileiro, criticado nas últimas semanas por comentários e acenos vistos como pró-Caracas, "todos estão cansados" no país governado por Nicolás Maduro "após tanto tempo de briga".

 

 

Lula, que agora volta para o Brasil com uma breve escala em Praia, capital de Cabo Verde, fez seus comentários dois dias após uma reunião na segunda-feira com representantes do governo e da oposição venezuelana — a primeira com ambos os grupos que teve a participação do petista. O encontro foi orquestrado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e incluiu também os mandatários colombiano, Gustavo Petro, e o argentino, Alberto Fernández.

 

 

Chavismo completa 23 anos no poder

 

— Se eles [a oposição venezuelana] se entenderem com relação às regras e a data das eleições, acho que temos a autoridade moral de pedir o fim das sanções — afirmou. — Foi numa boa, não houve nenhum problema maior que houvesse nervosismo na reunião.

 

 

Junto com o quarteto de presidentes estavam Delcy Rodríguez, vice-presidente da Venezuela, e Gerardo Blyde, opositor. Ao fim do encontro, Lula, Petro, Macron e Fernández emitiram uma declaração conjunta afirmando que consideram o fim das sanções caso haja consenso sobre o pleito do ano que vem, no qual maduro deve concorrer à reeleição.

 

 

Durante a reunião, foi estabelecido que os dois lados devem entrar em um acordo para poder organizar eleições no ano que vem na Venezuela sob condições livres, justas, abertas e iguais.

 

 

 O ponto é considerado essencial pelos presentes para sair da crise e permitir o levantamento de sanções impostas contra a Venezuela após o reconhecimento internacional de Juan Guaidó como presidente venezuelano por mais de 50 países, incluindo o Brasil, do início de 2019 até janeiro de 2023.

 

 

— A conclusão que nós chegamos é que a situação da Venezuela vai ser resolvida quando os partidos da Venezuela, junto com o governo, chegarem a conclusão de uma data para a eleição e chegarem a conclusão das regras que vão estabelecer as eleições. E, com base nisso, que as punições impostas pelos EUA começam a cair. Sanções absurdas em que a Venezuela não pode mais lidar com um dinheiro seu que está em bancos de outros países — disse Lula.

 

 

Sem solução imediata

 

O presidente disse que "ter gostado da reunião" e que já esperava sair dela sem solução imediata. Sua expectativa era deixar o encontro organizado por Macron com a "compreensão de que a Venezuela é uma questão do povo venezuelano":

 

 

— Eu sinto que, depois de tanto tempo de briga, todos estão cansados. Sinto que a Venezuela está cansada, o povo quer encontrar uma solução. É bom você brigar um mês, dois, três, dois anos, quatro anos. Mas a vida inteira? Então acho que estamos chegando neste clima — afirmou.

 

 

Democracia “relativa”

 

Durante a reunião de segunda, a UE pediu também para enviar uma missão de observação eleitoral para o pleito, dias após o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o chavista Jorge Rodríguez afirmar que Caracas não autorizaria a presença da missão na eleição, em que Maduro pretende se reeleger.

 

 

O anúncio foi visto como um retrocesso após os europeus enviarem representantes para acompanharem as eleições regionais de 2021 pela primeira vez em 15 anos. Na época, a missão identificou melhoras nas práticas eleitorais, embora tenha feito ressalvas sobre problemas a superar. Os observadores apresentaram 23 recomendações, entre as quais a melhora da autonomia da autoridade eleitoral e o fim das inabilitações de políticos de oposição.

 

 

No início do mês, o bloco europeu também expressou "preocupação" com a proibição de exercer cargos públicos imposta por 15 anos a María Corina Machado, principal pré-candidata de oposição, líder em várias pesquisas. O tema foi ressuscitado pelos franceses do encontro de ontem. A ex-deputada, que há anos é forte opositora do chavismo, aparecia com mais de 50% das intenções de votos nas primárias de oposição, marcadas para outubro, à frente do candidato Henrique Capriles, mais moderado — e inabilitado — e tem arrastado multidões nos atos que promove pelo país.

 

 

O encontro com representantes da oposição pela primeira vez em sete meses de mandato veio após o presidente brasileiro ser criticado por declarações vistas como pró-Maduro. Na cúpula do Mercosul, durante o início do mês na Argentina, por exemplo, criticou a tentativa de isolamento do país, que enfrenta uma série de denúncias de violações de direitos humanos, por parte do restante da América do Sul — na mesma ocasião, outros mandatários repudiaram a inabilitação de María Corina.

 

 

A saia-justa havia ganhado força em maio, quando Maduro esteve em Brasília para um retiro de chefes de Estado da América do Sul convocado pelo petista. A visita foi marcada pela polêmica declaração de Lula de que a Venezuela é "vítima" de uma "narrativa de antidemocracia e autoritarismo" — fala que foi posteriormente criticada pelos presidentes de Uruguai, Paraguai, Chile e Equador. Em outra ocasião, disse que o "conceito de democracia era relativo" ao ser questionado sobre o assunto.

 

 

Com informação do O Globo

Compartilhe

<p>Haverá 'autoridade moral' para fim das sanções 'absurdas' quando venezuelanos concordarem sobre eleições, diz Lula</p>

<p> </p>

 
Galeria de Fotos
 










 
   
   
Whatsapp