O nível do Rio Negro em Manaus desceu 12 centímetros nesta quarta-feira (4) e atingiu a cota de 15,02 metros, segundo os registros do Porto de Manaus, chegando ao posto de 10ª pior seca do rio já registrada em pelo menos 100 anos de história, desbancando a cota de 1998, que chegou a 15,03 metros.
No Rio Negro, os pilares de sustentação da ponte que liga Manaus a Iranduba estão completamente expostos. Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA
As maiores secas do Rio Negro em Manaus registadas até hoje pelo CPRM:
1º) 13,63m (2010);
2º) 13,64m (1963);
3º) 14,20m (1906);
4º) 14,34m (1997);
5º) 14,42m (1916);
6º) 14,54m (1926);
7º) 14,74m (1958);
8º) 14,75m (2005);
9º) 14,97m (1936);
10º) 15,02m (2023);
11º) 15,03m (1998);
12º) 15,04m (1909);
13º) 15,06m (1995);
14º) 15,39m (1907).
Ritmo desacelera
Apesar de ter entrado para o TOP 10 de piores secas, o ritmo de descida do Rio Negro apresenta evidente diminuição.
Para se ter ideia, após bater um pico de -36cm de descida no dia 19 de setembro e permanecer acima de -30cm diários até o dia 28 do mesmo mês, os quatro primeiros dias de outubro registraram quedas diárias de -20cm, -17cm, -15cm e, hoje, -12cm.
De acordo com a pesquisadora em geociências do SGB-CPRM, Jussara Cury, a vazante ainda está acontecendo neste mês, mas em um ritmo menor que no mês anterior.
"Nas regiões amontantes, cOmo é o caso do Alto Solimões e do Alto Rio Negro, ainda ocorre processos de descida, sóque com menor intensidade do que ocorreu no início de setembro. Por exemplo, ali na região de Tabatinga, o rio voltou a descer, apresentando níveis baixos para o período, só que o processo de intensidade de descida diminuiu. Ao longo da calha dos Solimões, os níveis também estão abaixo da faixa da normalidade, muito em razão do que foi consolidado nas semanas anteriores", destacou a pesquisadora do SGB-CPRM.
O cenário é semelhante na região metropolitana, como é o caso de Manacapuru e municípios próximos a Manaus.
"As descidas passaram de 30 centímetros diários para 20 centímetros diários, o que indica que a vazante diminuiu esse processo que estava acentuado de descidas e está indo para o processo regular de descidas diárias. Aqui em Manaus, na região do Porto, também aconteceu isso nos últimos dias", acrescentou Cury.
Mais duas semanas de descida
A pesquisadora explica que apesar da desaceleração, os rios Negro e Solimões continuarão descendo nas próximas duas semanas de outubro.
"Mas, por esse comportamento do rio, há uma tendência de que, pelo menos nas duas próximas semanas, O rio continue em vazante, tanto o Solimões quanto o Negro, em razão dessa necessidade de estabilizar primeiro essas descidas e que as chu-vas, a precipitação volte na bacia como um todo", pontuou Jussara Cury.
Grande fator que influencia, segundo o Serviço Geoló gico Brasileiro é a baixa concentração de chuvas previstas para este mês, principalmente na região rio Solimões.
"Então os prognósticos climáticos dessa próxima semana indicam chuva abaixo da média na região do Amazonas em si e algumas chuvas concentradas na região que alimenta, na região transfronteiriça que alimen-ta os Solimões", detalhou a pesquisadora.
O Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental, foi instituído no dia 29 de setembro pelo Governador Wilson Lima, que também decretou situação de emergência em 55 municípios do Amazonas afetados pela seca severa que atinge o estado.
Com informação do ACrítica
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