A Assembleia Geral das Nações Unidas suspendeu nesta quinta-feira (7) a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU em resposta às denúncias de atrocidades envolvendo militares russos na Ucrânia.
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Entre os 193 Estados-membros, a resolução obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções.
Entre os países que votaram pela suspensão estão Estados Unidos, Alemanha, França, Japão e Argentina. Entre os que votaram contra estão vários aliados de Moscou, como Irã, Cuba, Belarus, Síria e China.
O Brasil, por sua vez, se absteve da votação. Mesma posição adotada pelo México, Egito, Índia e África do Sul - os dois últimos são ao lado do Brasil membros dos Brics, bloco que reúne também a Rússia, alvo da votação desta quinta-feira.
Os Estados Unidos anunciaram que pediriam a suspensão da Rússia depois que a Ucrânia acusou tropas russas de matar centenas de civis na cidade de Bucha.
A resolução adotada pela Assembleia Geral de 193 membros expressa "grave preocupação com a atual crise humanitária e de direitos humanos na Ucrânia", particularmente com os relatos de abusos de direitos pela Rússia.
No mês passado, o conselho abriu uma investigação sobre alegações de violações de direitos, incluindo possíveis crimes de guerra na Ucrânia.
Desde que a invasão russa começou, em 24 de fevereiro, a Assembleia Geral adotou duas resoluções denunciando a Rússia com 141 e 140 votos a favor. Moscou diz que está realizando uma "operação especial" para desmilitarizar a Ucrânia.
Rússia faz ameaças
Após a votação, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou a suspensão como "ilegal e motivada politicamente, com o objetivo de punir de maneira ostensiva um Estado-membro soberano da ONU, que tem uma política doméstica e externa independente".
A Rússia também afirmou que decidiu por uma "rescisão antecipada" do conselho, acrescentou a diplomacia do Kremlin. Na prática, o país decidiu sair antes que a suspensão fosse aplicada.
"Infelizmente, nas condições atuais, o conselho está praticamente monopolizado por um grupo de Estados que o utilizam para seus próprios interesses oportunistas", acrescentou o ministério russo.
Antes da votação, Moscou alertou os países na Assembleia Geral para possíveis consequências caso se alinhassem aos Estados Unidos e seus aliados.
"Uma posição equidistante na votação (abstenção ou não participação) servirá aos objetivos dos Estados Unidos, e será compreendida como tal pela Federação Russa", afirma uma carta, provavelmente endereçada a diplomatas na ONU, à qual a agência de notícias Reuters teve acesso.
A ameaça russa está associada a votações anteriores de resoluções da ONU contra Moscou, quando a invasão russa foi amplamente condenada pela maioria dos países, entre eles o Brasil. Algumas das nações amigas de Moscou não se mostrou dispostas a apoiar nenhum dos lados no conflito.
As resoluções da ONU não trazem consequências legais, mas possuem grande peso político e podem resultar na ampliação do isolamento da Rússia.
Como votou o Brasil?
O Brasil se absteve da votação, assim como outros 57 países. O embaixador brasileiro para a ONU, Ronaldo Costa Filho, admitiu que várias imagens que são veiculadas de cidades na Ucrânia confirmariam crimes de direitos humanos, mas que não há confirmação da veracidade delas.
Costa Filho apontou que enquanto a investigação independente encaminhada pela ONU para avaliar a situação não apresentar um posicionamento, qualquer decisão será prematura.
É comum ocorrer esse tipo de suspensão?
As suspensões são raras. A Líbia foi suspensa em 2011 por causa da violência contra manifestantes por forças leais ao então líder Muammar Kadafi.
Quais as consequências da suspensão para a Rússia?
A Rússia estava em seu segundo ano de um mandato de três anos no conselho com sede em Genebra, que não pode tomar decisões juridicamente vinculantes.
Suas decisões enviam mensagens políticas importantes, no entanto, e podem autorizar investigações.
O país é um dos membros mais expressivos do conselho e sua suspensão o impede de falar e votar, dizem as autoridades, embora seus diplomatas ainda possam participar dos debates.
"Eles provavelmente ainda tentarão influenciar o conselho por meio de procuradores", disse um diplomata em Genebra.
Com informação da G1
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