O prefeito de Manaus, David Almeida, entregou, nesta terça-feira, 19/4, no Dia do Índio, o primeiro cemitério indígena urbano do Brasil em Manaus “Yane Ambiratá Rendáwa Bara Upé”, localizado no cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, zona Oeste.
Foto: Dhyeizo Lemos e Antônio Pereira / Semcom
O espaço conta com 216 gavetas em cada um dos cinco módulos, totalizando 1.080 espaços no campo-santo. Na ocasião, o chefe do Executivo municipal destacou que 353 anos depois da fundação da cidade, os indígenas de Manaus passam a ter um novo espaço sagrado.
“353 anos de indiferença e esquecimento, e hoje estamos entregando esse cemitério indígena, que é o primeiro do Brasil, para que essa memória ancestral possa ser celebrada e cultuada. Nós queremos tratar a questão indígena de forma clara, de forma digna, e reconhecendo os donos dessa terra. Aqui está o meu reconhecimento, pelo trabalho, pela ancestralidade, pela importância de cada um. Manaus tem suas origens, nós somos herança dessa ancestralidade”, ressaltou o prefeito.
Os trabalhos de construção foram coordenados pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), ainda na gestão do antigo secretário Sabá Reis, bem como o projeto técnico-arquitetônico do campo-santo, com o conjunto dos cinco módulos de sepulturas verticais em gavetas e o portal de entrada exclusivo. A preparação das ocas, o jardim e a pintura do grafismo estão sendo realizados pela Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime).
Memorial Indígena
Os indígenas de Manaus conseguiram resgatar em 2021 o território sagrado com a criação do memorial Indígena de Manaus, inaugurado pelo prefeito David Almeida com o histórico pedido de perdão pela indiferença e invisibilidade a que foram submetidos os povos indígenas desde os primórdios da cidade de Manaus.
A praça Dom Pedro II, localizada no centro histórico da capital amazonense, teve reconhecida no ano passado sua necrópole dos povos ancestrais no Dia do Índio, 19 de abril, com a inauguração do Memorial Aldeia da Memória Indígena de Manaus, um projeto da Prefeitura de Manaus reivindicado pelas populações indígenas em honra dos povos tradicionais que ali habitavam há mais de 800 anos, muito antes da presença de europeus em 1542, data do primeiro massacre da expedição espanhola comandada por Francisco Orellana.
Sítio arqueológico
O Memorial Aldeia da Memória Indígena de Manaus foi um marco para o resgate do verdadeiro início do processo cultural da cidade de Manaus, com os vestígios desse cemitério indígena, onde hoje está uma placa marcando e informando o local para a visitação pública e realização de cerimônias religiosas das muitas etnias que habitam o Amazonas.
Informações do Centro de Arqueologia de Manaus (CAM) mostram que o material arqueológico mais antigo presente no sítio Manaus é pertencente às fases Manacapuru (século V ao IX d.C.) e Paredão (VII ao século XII d.C.)
Com informação da Semcom
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