Quando o Banco Central (BC) lançou a nota de R$ 200, a instituição fez até comercial na TV para falar do “novo dinheiro”. No filme, um cachorro vira-lata caramelo agradecia a campanha que foi feita na internet para que ele figurasse na nota como animal símbolo do Brasil.
A justificativa do BC para lançar a nota em 2020 foi que, com a pandemia, a procura da população pelo dinheiro em espécie aumentou. Foto: divulgação
“Mas quero que vocês recebam com o mesmo carinho esse meu primo selvagem, o caramelo do cerrado, o lobo-guará”, dizia o cãozinho no vídeo. “Ele agora também vai fazer parte do dia a dia de vocês.”
Um ano depois, pouca gente viu a nova cédula. Para o lançamento da nota, em 2 de setembro do ano passado, o Banco Central gastou R$ 113,8 milhões para fabricar 450 milhões de cédulas. Desse total, 18% estão em circulação, ou 81 milhões de unidades (o equivalente a R$ 331,4 bilhões). Os outros 369 milhões de cédulas produzidas e ainda não distribuídas estão guardadas no Banco Central.
“A entrada em circulação da cédula de R$ 200, assim como aconteceria com qualquer outra nova denominação, ocorre de forma gradual e de acordo com a demanda da sociedade. O ritmo de utilização da cédula de R$ 200 vem evoluindo em linha com o esperado e seguirá em emissão ao longo dos próximos exercícios”, informou o BC, em nota.
Procura pelo dinheiro em espécie
A justificativa do BC para lançar a nota em 2020 foi que, com a pandemia, a procura da população pelo dinheiro em espécie aumentou. “A quantidade de dinheiro em circulação subiu de cerca de R$ 260 bilhões para R$ 351 bilhões entre março e 31 de agosto”, disse o banco em nota no ano passado. Para o BC, haveria risco de falta de cédulas no mercado.
De fato, as pessoas sacaram mais dinheiro em espécie em 2020 – principalmente por conta do auxílio emergencial. Isso fez o meio circulante (o total de cédulas em circulação) passar de 6,3 bilhões de unidades em 2019 para 8,4 bilhões há um ano. Nos anos anteriores (2018, 2017, 2016), o total em circulação variou entre 6 bilhões e 6,3 bilhões de unidades.
Por que não chega?
Então, por que a nota não chega às mãos das pessoas? As notas mais altas, segundo o advogado Andre Castro Carvalho, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), geralmente ficam “entesouradas”, ou seja, guardadas em casa ou em cofres.
“E quem guarda dinheiro em casa, em grandes somas, geralmente é para sonegar impostos ou por motivos ilícitos”, diz o advogado. “Só a emissão de notas de R$ 50 e R$ 100 já abasteceria o mercado”, diz ele, que nesse um ano de circulação da nova nota também nunca viu a cédula.
Com informação da CNN Brasil
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