As mulheres tem ocupado diversos espaços, em especial, nas universidades. A população feminina representa 59,6% dos estudantes de universidades em território nacional, conforme informações do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2022.
Para a socióloga e pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marilene Corrêa, o número representativo de mulheres nas universidades mostra a evolução dos direitos humanos, em especial, no que diz respeito ao direito das mulheres. Isso fez com que elas percebessem essa limitação dada pela sociedade, e assim foram conquistando esse espaço e, ao mesmo tempo, perdessem o medo de ousar.
“Não é à toa que elas preenchem a maioria das vagas, e vale lembrar que isso não é um fenômeno local é uma conquista de gênero uma coisa universal e ampla e que também independe das camadas econômicas, visto que elas estão conseguindo superar essa barreira. Você percebe que a presença dessas mulheres acaba mudando também o perfil das universidades, como por exemplo, várias instituições têm implantado programas de combate ao assédio para ampliar o bem-estar dessas mulheres no interior desses locais. Essa conquista se reverbera no mercado de emprego, com mais mulheres em posição de mando e gestão”, completou.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19,4% das mulheres com 25 anos ou mais já haviam concluído o ensino superior, em 2019, enquanto apenas 15,1% dos homens, na mesma faixa etária, tinham ensino superior completo.
Para o sociólogo João Alexandre Monteiro, esse número expressivo de mulheres nas universidades é consequência das políticas públicas que estão sendo cada vez mais eficientes para a sociedade.
“Um ponto positivo de quase 60% de discentes em universidades serem mulheres é a forma com que mais mulheres estão podendo ter acesso ao ambiente universitário. Afinal de contas, como maioria da população no Brasil, elas querem ter suas vozes nas mais diferentes esferas do poder e do país como um todo. Mas além de terem acesso, é preciso que elas também tenham as condições para concluir os cursos universitários e assim para galgarem as posições que desejam, o que nos leva a crer que as mulheres querem alcançar maiores resultados dentro da sociedade”, comentou.
Políticas públicas têm mudado a realidade dos jovens
Outra informação divulgada pelo Enade 2022, foi a de que 67,2% dos estudantes universitários brasileiros não possuem pais com ensino superior completo. Monteiro considera que esse percentual mostra o quanto a educação no país, em décadas passadas, dificultava o acesso das classes mais pobres.
“Esse número pode ser um indicativo de que o acesso à educação conseguiu chegar às mais diferentes classes sociais, a partir do avanço de políticas públicas implementadas nos últimos 30 anos, com a tomada de políticas sociais nos governos Lula e Dilma. Outras gerações não conseguiram por não terem acessado as mesmas formas que hoje seus filhos e netos têm à disposição, daí pode-se incluir também as políticas de distribuição de renda, como o Bolsa Família”, pontuou.
Estudante de fisioterapia em uma faculdade particular de Manaus, Eloá Monteiro, 22 anos, é a primeira da família a ingressar em um curso de nível superior. Ela é bolsista do Programa Universidade para Todos (Prouni)
“Minha mãe não tinha condições financeiras e nem a família dela. Também não existam as oportunidades que têm hoje, como as bolsas e financiamento. Por ser a primeira a estar em uma faculdade, eu consigo incentivar a minha irmã mais nova, que já tem planos de cursar o ensino superior também”, disse.
Com informação do Real Time
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