O Brasil continua a registrar recordes em seus índices de desmatamento na Amazônia. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia: a área de alertas de desmatamento foi a maior para aquele mês nos últimos sete anos.
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A conservação do bioma foi destaque na COP26, que se realizou em Glasgow (Escócia) e é considerada chave para evitar uma catástrofe climática
Ao todo, foram 877 km² de devastação da floresta na Amazônia, um aumento de 5% em relação a outubro de 2020 e o maior índice no mês em toda a série histórica do Deter, sistema de alertas do Inpe, iniciado em 2016
Embora o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, se furtou de comentar os números que mostraram desmatamento recorde da Amazônia, em outubro. Indagado sobre isso pelos jornalistas, respondeu laconicamente que "não acompanhou" os dados divulgados, ontem de manhã, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Quando eu voltar ao Brasil, vou falar com o ministro Anderson (Torres, da Justiça) para entender esses dados do Inpe. Não acompanhei esses números, estava focado nas negociações", disse.
Leite contradisse a si mesmo quando, em vários discursos e painéis no pavilhão brasileiro da COP26, assegurou que ia todas as semanas para acompanhar no local o combate ao desmatamento no bioma. Em uma das suas apresentações, garantiu que a ação da Força Nacional e do Ministério da Justiça "estavam dando resultado".
Brasil real
Afirmando que conseguiu mostrar em Glasgow aquilo que classificou de "Brasil real", o ministro pareceu ter sido pego de surpresa com mais uma rodada de números negativos sobre a Amazônia.
Por isso, calou-se diante dos repórteres, que indagavam se ele não tinha ideia dos números anunciados ou mesmo se havia ficado irritado ao ser informado dos dados. Em vez disso, preferiu caminhar em silêncio, com sua comitiva, deixando os jornalistas falando sozinhos.
Mas se Leite não deu uma única palavra sobre o avanço do desmatamento, outros atores ligados ao setor, no Brasil, comentaram o assunto. Rafael de Oliveira Silva, professor da Universidade de Edimburgo, afirma que os dados — a devastação da Amazônia passou da média anual de 6.500 km² na década passada para quase 10.000 km² no governo de Jair Bolsonaro — escondem uma realidade complexa.
"Se você olha os dados dos pastos, não aumentaram. O desmatamento ocorre por vários motivos, como a mineração, a especulação da terra. O desmatamento ocorre, em sua maioria, em terras privadas", explicou.
Com informação do Correio Braziliense
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