A manifestação que já dura 51 dias em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, não tem previsão para encerrar. Esse é o posicionamento de líderes de movimentos conservadores de direita que participam do protesto e continuam a convocar mais pessoas para irem até o local.
Foto: divulgação
“Estamos esperando um posicionamento direto do presidente [Bolsonaro], para ver o que ele vai decidir. Esperamos até o último minuto. Se não, não tem expectativa de terminar as manifestações, uma vez que elas não são para manter o presidente no poder. É para o Lula não assumir mesmo”, afirmou o líder do Movimento Conservador Amazonas, Ageu Pontes.
Desde o dia 1ºde novembro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não conseguiu se reeleger no pleito deste ano, pressionam o atual mandatário e até as Forças Armadas para uma possível ‘intervenção’ no processo eleitoral que culminou com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar do que defendem os manifestantes, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e auditores externos, dentre eles, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Polícia Federal, não apontaram ocorrência de fraude nas eleições. Já as Forças Armadas não apontaram existência de fraude, mas também não descartaram “a possibilidade” de ela vir a ocorrer, segundo nota do Ministério da Defesa de 10 de novembro.
Ageu Pontes disse à reportagem que participa do protesto em frente ao CMA pelo menos cinco dias por semana e que há previsão de novos atos. “Provavelmente, mas não é certo, no último dia do ano, 31 de dezembro, tenha um chamado para o povo se reunir em frente aos quartéis por todo o país”. Ele ressalta ainda que a continuidade do protesto não é um problema para o CMA. “Por eles, tudo bem”.
Participantes
Integrante do movimento de caminhoneiros bolsonaristas, Victor Benjamim afirmou que “a orientação é continuar em frente ao QG”, se referindo ao Comando Militar da Amazônia. Ele diz que os manifestantes estão aguardando um “anúncio” para esta quinta-feira (22).
“Daí para a frente, vão acontecer coisas, estamos esperando”, acrescenta.
Ele também não expressa preocupação quanto à continuidade dos protestos em frente ao Comando Militar. Logo no início das manifestações, o CMA fechou o portão principal do quartel, mas permitiu que bolsonaristas ocupassem a frente da unidade militar. “[Vamos continuar lá] até chegar uma segunda ordem, se o general chegar lá no portão e disser ‘agora podem ir embora para a casa de vocês que agora é com a gente”, disse.
Questionado sobre se membros do CMA vão até lá, ainda que seja para manter a ordem em frente ao quartel, Victor afirmou que “alguns militares lá dão algumas ordens, mas a frente lá é nossa, praticamente. Ninguém se mete lá, não”.
Fundador do Movimento Conservador Amazonas e candidato a deputado estadual no pleito deste ano, Sérgio Kruke afirma que os movimentos aguardam um posicionamento de Bolsonaro e das Forças Armadas. Segundo ele, não há previsão de que manifestantes do Amazonas viagem até Brasília (DF) para realizar protestos na posse do presidente eleito, Lula – receio ainda presente na equipe do petista que prepara a cerimônia.
“Eu não estou indo para o CMA por orientação dos meus advogados, porque estou sendo investigado naquele inquérito dos atos antidemocráticos no STF, mas o que a gente sabe é que o pessoal vai continuar lá até o pronunciamento final do presidente”, disse.
Investigação
Atualmente, os protestos em frente ao CMA são alvo investigação em ação judicial apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal do Amazonas. Segundo a juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, que acompanha o caso, foram verificadas “ilegalidades múltiplas”. Ela afirmou ainda que “a possível omissão da unidade militar será analisada” na ação.
A reportagem questionou o Comando Militar da Amazônia sobre quais mudanças foram executadas no funcionamento do quartel para garantir a segurança dos soldados em meio às manifestações, e se o CMA pretende retomar o funcionamento normal do Comando, incluindo o portão principal. Ainda aguardamos retorno.
Com informação do ACritica
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