O nível do Rio Negro em Manaus chegou a 29,60 metros, nesta quinta-feira (13). De acordo com a Defesa Civil, chega a 15 o número de bairros atingidos pela cheia na capital amazonense, que está em situação de emergência. A cota está a 37 cm da máxima registrada em 2012, que é de 29,97 metros.
De acordo com os dados levantados pela Prefeitura de Manaus, na região urbana os bairros atingidos são: Zona Oeste: Tarumã, São Jorge, Santo Antônio, Glória e Compensa Zona Sul: Educandos, Raiz, Betânia, Presidente Vargas, Aparecida, Centro, Cachoeirinha e Mauazinho. Zona Leste: Colônia Antônio Aleixo e Puraquequara.
A diarista Luana Mendes já vê a água bater na porta traseira do seu quarto
A subida da água preocupa os moradores de vários bairros de Manaus e a saúde pública com o lixo represado em alguns pontos da cidade, principalmente nas casas mais próximas das águas.
Água invade casas
No bairro Educandos, Zona Sul de Manaus, a cheia já causa prejuízos para os moradores. No beco Ana Nogueira e proximidades, área que abriga cerca de 800 famílias, segundo Instituto de Cidadania e Desenvolvimento Social do Amazonas (ICDSAM), a água já invade casas e traz prejuízos às famílias.
A casa do autônomo Franciel Francisco, de 38 anos, já está debaixo da água. Quando o EM TEMPO chegou próximo a sua casa, Franciel estava tirando madeiras de sua própria casa para construir marombas (pedaços de madeira que servem para levantar áreas da casa).
“Nessa casa moram cinco famílias. Eu precisei pegar madeiras de uma porta para aumentar uma área da casa para conseguirmos morar aqui. Ninguém me deu madeira e eu não tenho condições de comprar, então vai do jeito que dá”, conta o autônomo.
A pescadora Clarisse Teixeira, 47 anos, vive no beco Ana Nogueira desde criança. Ela mora em uma casa relativamente alta com mais cinco pessoas. Mesmo assim o rio já atingiu a casa dela. “No domingo eu saí de casa e quando cheguei encontrei na minha sala.
Tiramos os móveis rapidamente e colocamos em uma área mais alta. Essa cheia parece muito com a que aconteceu em 2012, que também alagou minha casa”, relembra.
Além dela, quem também está preocupada com a subida das águas é a diarista Luana Mendes. A água já bate na porta do seu quarto junto com o lixo que flutua no rio. “Eu já não estou indo ao trabalho, pois estou com medo de que algo de pior aconteça com meus filhos. Essa semana inclusive o meu mais velho começou a ter umas coceiras nas costas. Sorte que eu tenho uma amiga enfermeira que nos ajudou com os remédios”.
27 toneladas de lixo diariamente
Segundo os moradores, a prefeitura de Manaus esteve presente no local na semana passada, projetando e construindo pontes. As obras começaram na segunda-feira passada (3) e terminaram na mesma semana, na sexta-feira (7).
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), diariamente, são retiradas aproximadamente 27 toneladas de lixo dos rios que banham a capital.
Com a cheia dos rios Negro e Amazonas, a média quase triplicou. “Venho pedir a conscientização da população. Vamos amar mais nossa cidade, nossos igarapés. Não podemos mais agredi-los da forma como nós estamos agredindo", disse o prefeito de Manaus David Almeida.
Com informação do Em Tempo
Fotos: Brayan Riker, Hector Silva
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