Mais de 65 mil pessoas se identificam como homossexuais ou bissexuais nos estados do Amazonas e Roraima, segundo o IBGE. A estatística revela mais do que números: traz à tona histórias reais de trabalhadores LGBTQIAPN+ que enfrentam, todos os dias, barreiras sociais, discriminação e falta de oportunidades. Para enfrentar essa realidade, o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT-11) promove o 1º Ciclo pelo Orgulho e pela Diversidade no Poder Judiciário do Amazonas, nos dias 17 e 18 de julho.
Com o lema “Construindo espaços de respeito, oportunidades e visibilidade para pessoas LGBTQIAPN+”, o evento reúne magistrados, servidores, estudantes e representantes da sociedade civil para discutir estratégias de inclusão no mundo do trabalho. A iniciativa conta com o apoio do TJAM, TRE-AM, MPAM e da Universidade Federal do Amazonas.
Para o juiz do Trabalho André Fernando dos Anjos Cruz, integrante do Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-11, a responsabilidade das instituições é transformar a inclusão em valor central e contínuo. “Cabe às instituições moldar um ambiente onde a diversidade não seja apenas aceita, mas promovida como pilar do sucesso”, defende.
Uma das principais pautas do ciclo é o chamado “armário corporativo” — situação em que pessoas LGBTQIAPN+ ocultam sua identidade por medo de retaliação. Estudos mostram que mais de 60% dos profissionais LGBTQIAPN+ escondem quem são no ambiente profissional. A juíza Larissa de Souza Carril alerta que esse silenciamento é corrosivo: “Esse esforço cansa. Tira a alegria de trabalhar, mina a confiança, adoece.”
A exclusão de pessoas LGBTQIAPN+ se manifesta desde cedo. A evasão escolar, o bullying e a rejeição familiar limitam oportunidades de formação e inserção profissional.
Entre pessoas trans e travestis, a informalidade e a prostituição surgem como consequências diretas da falta de acesso à educação e emprego formal, segundo dados da ANTRA.
O servidor Bernardo Victor Gomes, chefe de gabinete do TRT-11, compartilha que cresceu sem modelos positivos LGBTQIAPN+ em cargos de destaque. Hoje, ao ocupar espaço de liderança como homem gay, ele acredita na importância da visibilidade e do apoio de aliados para transformar realidades. “Ser visível é resistir. É inspirar.”
*Fonte: Acrítica
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