O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento do Brasil de 3,7% para 5,3% em 2021, mas reduziu a previsão para 2022, de 2,6% para 1,9% na revisão de julho do relatório Perspectiva Econômica Mundial. No documento, o FMI melhorou algumas estimativas de indicadores fiscais do País para este ano, influenciados pelo avanço do Produto Interno Bruto (PIB).
Elevação das cotações de alimentos, minério de ferro e petróleo, que são pilares da pauta de exportação brasileira, motivam a projeção
A revisão das projeções do Fundo trouxe somente novas estimativas sobre o PIB de países e alguns números relativos às suas contas públicas, sem tratar de outros indicadores, como projeções para inflação, déficit de transações correntes e taxa de desemprego.
O FMI destacou que, no caso do Brasil, a elevação da projeção de crescimento para este ano foi motivada em boa medida por resultados mais favoráveis do PIB no primeiro trimestre e por elevação dos termos de trocas do comércio internacional, que beneficia o País particularmente com a elevação das cotações de commodities – produtos básicos, como alimentos, minério de ferro e petróleo, que são pilares da pauta de exportação brasileira.
“A recuperação ocorreu antes do que o antecipado em 2021. O Brasil é um dos países que está se beneficiando pela alta de preços de commodities e da retomada de grandes parceiros comerciais como EUA e China”, destacou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath , na apresentação do relatório. “Há também contratempos, pois a pandemia não terminou no mundo. O Brasil passa por uma terceira onda de covid-19 que ainda não cessou.”
O Fundo apontou que no Brasil, bem como em outros mercados emergentes, como Hungria, México e Rússia, os seus respectivos bancos centrais começaram a elevar as taxas básicas de juros para conter pressões de alta dos índices de preços ao consumidor. O relatório ressaltou também que Brasil e Índia propuseram a adoção de medidas fiscais para mitigar as consequências econômicas de “ondas recorrentes de infecções” causadas pela transmissão do coronavírus.
Economia global
Para o crescimento global, o FMI manteve a projeção de avanço de 6,0% em 2021 e elevou a previsão de expansão de 4,4% para 4,9% em 2022. As estimativas ocorrem em uma conjuntura global marcada por recuperação desigual do nível de atividade de países, um reflexo direto da vacinação contra o coronavírus, mais rápida nas nações avançadas, mas ainda lenta nos mercados emergentes em geral.
O FMI aumentou suas projeções para a expansão do comércio mundial em volumes de mercadorias e serviços, que subiram de 8,4% para 9,7% em 2021 e de 6,5% para 7,0% no próximo ano.
A economista-chefe da entidade apontou que o PIB mundial está em recuperação, “mas há grandes defasagens de progressos entre economias avançadas e emergentes, que está relacionada com diferenças no processo de vacinação” contra a covid-19 em termos globais.
“Cerca de 40% da população em economias avançadas estão totalmente vacinadas, enquanto esse número é de somente 11% em mercados emergentes”, destacou. Segundo Gita Gopinath, “uma ação multilateral é essencial para combater a pandemia com vacinas e remédios”, sobretudo porque há desigualdade no processo de imunização contra o coronavírus em nível internacional e “é preciso mudar.”
Ela destacou que a “variante delta é uma preocupação importante e pode gerar risco para economia mundial.” A economista também apontou que a inflação deve continuar alta em países emergentes no próximo ano com pressões de alta de preços, como commodities, e depreciação cambial.
O Fundo incrementou as previsões do PIB dos EUA de 6,4% para 7,0% neste ano e de 3,5% para 4,9% em 2022, sobretudo com o bom desempenho da campanha nacional de imunização contra a covid-19 e também devido ao apoio das políticas fiscais adotadas pelo governo do presidente Joe Biden, que inclusive têm perspectivas favoráveis para a aprovação pelo Congresso em Washington de um substancial pacote de investimentos em infraestrutura.
A estimativa para o crescimento da China este ano passou de 8,4% para 8,1%, especialmente por causa da diminuição de estímulos do governo à demanda. A projeção de expansão do país asiático para 2022 foi ampliada de 5,6% para 5,7%.
Para a zona do euro, a instituição multilateral aumentou de forma gradual a previsão de alta do PIB de 4,4% para 4,6% neste ano, com uma retomada econômica com mais obstáculos, causada em boa medida pela vacinação menos ágil do que nos EUA, especialmente no primeiro trimestre, e com o expressivo número de casos de pessoas contaminadas pela variante delta da covid-19. O Fundo espera que a região terá uma expansão mais promissora do que o antes esperado para 2022, pois elevou a estimativa de 3,8% para 4,3%.
Em relação ao Japão, o FMI reduziu a expectativa de crescimento de 3,3% para 2,8% em 2021 por causa do “aperto das restrições na primeira metade deste ano com o aumento de casos” de coronavírus. Contudo, avalia que a imunização deve permitir uma recuperação mais forte do país em 2022, o que o levou subir a projeção de PIB de 2,5% para 3,0%.
Foto: Exame
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