Os impactos econômicos da pandemia de covid-19 têm afetado ainda mais os jovens, grupo dos mais vulneráveis neste momento de crise. Um levantamento feito pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social) concluiu que a quantidade de pessoas entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham.
Os chamados “nem-nem” — continua em franca expansão. Chegou a bater recorde histórico, de 29,33%, no segundo trimestre do ano passado, o maior patamar da série iniciada em 2012.
Na segunda metade do ano passado, a faixa dos jovens “nem-nem” recuou, passando para 25,5%, no quarto trimestre de 2020, conforme o estudo do FGV Social. A percentagem de nem-nem no fim de 2020 é superior aos 23,6% contabilizados no fim de 2019 e está próximo do pico anterior, de 26,3% registrado no fim de 2016.
Segundo Marcelo Neri, diretor do FGV Social e coordenador do estudo o Brasil tem cerca de 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos — e mais da metade dessas pessoas está desempregada.
No fim de 2020, o percentual ficou em 56,3%, patamar abaixo do pico de 58,6% registrado no segundo e no terceiro trimestres de 2020. “O jovem que não consegue trabalhar acaba não estudando também, e isso prejudica as chances de mobilidade social nessa camada da população”, alerta Neri.
Queda na evasão escolar
O diretor do FGV Social afirma que, apesar do cenário desolador, um dado positivo no estudo é a queda da evasão escolar. Passou de 62,6%, em 2019, para 57,9%, em 2020 — o menor patamar da série histórica.
“Isso mostra que pelo menos parte dos jovens acabou retomando os estudos, mas, infelizmente, não é um reflexo de melhoria na qualidade da educação”, comenta.
“A combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar, especialmente devido às aprovações automáticas, pode explicar a queda na evasão”, acrescenta o especialista. Na avaliação de Neri, é preciso aproveitar que há mais jovens nas escolas e promover inclusão digital e novos conteúdos educacionais remotos, não apenas durante a pandemia.
Norte e Nordeste
Os dados do estudo do FGV Social mostram que, além de aumentar em quantidade nos últimos anos, o perfil dos jovens “nem-nem” é composto, em grande parte, por pessoas menos privilegiadas no mercado de trabalho: mulheres, negros, pessoas sem instrução e que habitam nas regiões mais pobres do país: Norte e Nordeste
Quase 67% dos jovens “nem-nem”, por exemplo, não têm instrução — percentual bem acima dos 56% registrados no fim de 2014. E, mesmo nas capitais, o número de jovens que não trabalham nem estudam cresceu, entre 2014 e 2020, passando de 19,1% para 26,5%.
Logo, o aumento da população de jovens “nem-nem”, de acordo com Neri, reflete o comprometimento de uma geração inteira, que deve deixar de contribuir para o crescimento do país.
Com informação do Correio Braziliense
Fotos: Divulgação
|