O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) é o primeiro a prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, nesta terça-feira (4). Mandetta foi demitido em abril de 2020, ainda no estágio inicial da pandemia. Sua saída ocorreu após desentendimentos com Jair Bolsonaro causados principalmente pela insistência do presidente em ignorar recomendações de isolamento.
Nos bastidores, o governo trabalha para tentar evitar que Mandetta use a sessão como palanque eleitoral. A ideia é apresentá-lo como copartícipe da estratégia inicial de enfrentamento à Covid. É possível que o depoimento do ex-ministro Nelson Teich, que seria na tarde desta terça-feira (4), seja remarcado para quarta-feira em substituição ao do também ex-ministro Eduardo Pazuello. O depoimento de Pazuello foi adiado após ele dizer que teve contato com coroneis que tiveram confirmação do diagnóstico de Covid-19.
É possível que o depoimento do ex-ministro Nelson Teich, que seria na tarde desta terça-feira (4), seja remarcado para quarta-feira em substituição ao do também ex-ministro Eduardo Pazuello. O depoimento de Pazuello foi adiado após ele dizer que teve contato com coroneis que tiveram confirmação do diagnóstico de Covid-19.
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Mandetta chama de 'guerra de narrativa' acusação de que recomendou pessoas infectadas ficarem em casa
O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que se trata de uma "guerra de narrativa" as acusações de bolsonaristas de que ele teria recomendado que as pessoas ficassem em casa, mesmo após apresentarem sintomas da doença. A declaração foi dada quando Mandetta foi questionado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), se era verídica sua orientação de o paciente apenas procurar o sistema de saúde quando apresentasse sintomas mais severos da doença, como falta de ar. "Isso não foi verdade. Estávamos no mês de fevereiro, janeiro. Não havia um caso registrado no país. As pessoas estavam com sensação de insegurança, pânico, porque viam o que estava acontecendo na China, Itália com lockdown. As pessoas procuravam hospitais para fazer testes e 99,999% eram de outros casos e 0,0001% era de vírus".
O ex-ministro então argumentou que a recomendação mais adequada eram as adotadas em momento de virose, monitorando a evolução da doença, evitando hospitais justamente para aumentarem as infecções nas salas de espera dos hospitais. "Tenho visto essa máxima ser repetida e eu vejo que é mais uma guerra de narrativa", completou. (Constança Rezende e Renato Machado)
Mandetta afirma que ciência foi principal critério de decisão em sua gestão no Ministério da Saúde
Em depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ressaltou que a ciência foi um dos principais critérios para a tomada de decisões durante a pandemia do novo coronavírus. Mandetta fez um balanço de sua gestão, ressaltando todas as medidas que sua pasta tomou no início da pandemia. Ao concluir, afirmou que as decisões de sua gestão foram tomadas em cima de três pilares: a defesa intransigente da vida, de que nenhuma vida seria desvalorizada, a defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) como meio para agir durante a pandemia e a ciência como elemento de decisão.
A fala surge como um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem adotando uma postura negacionista desde o início da pandemia. (Renato Machado)
Entenda como a CPI da Covid pode contribuir para responsabilizar Bolsonaro por falas e postura na pandemia
A CPI da Covid irá apurar ações e omissões do governo federal na pandemia, além de repasses federais a estados e municípios. A equipe que trabalha na comissão e auxilia nos trabalhos do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), fez uma cronologia e já levantou mais de 200 momentos em que Jair Bolsonaro (sem partido) propagou discurso negacionista na pandemia de janeiro de 2020 ao mesmo mês deste ano.
Mesmo sem novos elementos, que podem surgir durante as investigações da comissão, especialistas entendem que as reiteradas falas e postura do presidente bastariam para que Bolsonaro pudesse ser responsabilizado. O discurso do mandatário será um dos alvos de investigação da CPI. Objetivo é usar declarações e ações para imputar crimes ao presidente. Leia reportagem completa.
Presidente da CPI adia depoimento de Pazuello e tenta remarcar o de Teich
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), confirmou que foi informado de que o ex-ministro Eduardo Pazuello não participará presencialmente da sessão prevista para esta quarta-feira (5). Pazuello era o depoimento mais aguardado pelos membros da CPI e sua fala preocupa o Palácio do Planalto.
Segundo Aziz, Pazuello disse que teve contato com dois coronéis no fim de semana que tiveram a confirmação do diagnóstico para a Covid-19. Pazuello já foi infectado pelo coronavírus. Aziz, no entanto, afirmou que o comunicado ainda não é oficial. O presidente da comissão já vem articulando para que a sessão que ouviria o também ex-ministro Nelson Teich, na tarde desta terça-feira (4), seja remarcada para o dia seguinte, em substituição a Pazuello.
Com informação da Folha de S. Paulo
Fotos: Divulgação
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