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Depois da Selic seguir em 13,75% pela terceira vez, veja como ficam os investimentos



Depois da Selic seguir em 13,75% pela terceira vez, veja como ficam os investimentos

08/12/2022




Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixar a Selic onde estava pela terceira vez consecutiva nesta quarta-feira (7), economistas aconselham aumentar a cautela antes de fazer aplicações financeiras.

 

 

 

Como está mais complicado conhecer o caminho da taxa básica de juros da economia daqui em diante, eles indicam evitar começar a comprar ações agora e dar preferência à renda fixa. Os títulos atrelados à Selic e à inflação são consenso entre as dicas, enquanto os prefixados são controversos.

 

 

Cenário

 

O Copom elevou fortemente a taxa de juros desde abril de 2021, de 2% para os atuais 13,75% ao ano. A intenção era combater a inflação, ao subir o custo do crédito e diminuir o consumo.

 

 

Até outubro, era praticamente unânime entre os economistas que a Selic começaria a ser cortada em 2023. A dúvida era se isso aconteceria no primeiro ou no segundo semestre.

 

 

Após a eleição, contudo, as expectativas do mercado mudaram. Aumentou o medo de o governo de Luiz Inácio Lula da Silva exagerar nos gastos, diante das incertezas em relação à equipe econômica nova e à PEC da Transição.

 

 

A piora na percepção de risco para as contas públicas causou um debate sobre uma alta da Selic no ano que vem, para evitar a aceleração da inflação causada pelo exagero nos gastos do governo. A previsão foi refletida nas taxas de juros oferecidas nos títulos atrelados à inflação e prefixados, que subiram.

 

 

“A posição radical do novo presidente colocando a política social como antagônica ao teto de gastos assustou os investidores, porque não são contrapontos. Responsabilidade fiscal gera dinheiro para política social no longo prazo. Assim, o mercado entendeu que se essa fosse a linha de gestão, poderia exigir taxa de juros maior pelo risco do investimento”, afirma Beto Assad, analista de ações e consultor financeiro do aplicativo consolidador de carteiras Kinvo.

 

 

Depois do momento de maior estresse já ter passado, a maior fatia dos economistas espera que o corte comece apenas no segundo semestre de 2023 e um grupo prevê alta no ano que vem. No Boletim Focus divulgado na última segunda-feira, a expectativa do mercado para a Selic no fim de 2023 caminhou de 11,25% para 11,75% em um mês. A projeção é que retorne a um dígito apenas em 2024.

 

 

“Os investidores ainda estão em compasso de espera pelas notícias sobre a equipe econômica e a PEC da Transição, que podem pressionar os juros. O ambiente exige cuidado”, diz Assad.

 

 

Com esse cenário, e ainda diante da alta de juros nas economias grandes e dá chance de recessão global, o analista e consultor financeiro aconselha que os investidores pessoas físicas evitem começar ou aumentar a exposição em bolsa e outros investimentos de renda variável agora, que ainda podem enfrentar bastante oscilação.

 

 

“O ambiente incerto dificulta muito a vida dos segmentos de papéis que dependem da Selic baixa. Até termos uma ideia mais clara do que acontecerá com a taxa de juros, aqueles que tomarem risco demais podem acabar se machucando”, adverte.

 

 

Ele acrescenta que o cenário exige escolher a dedo as ações, o que pode ser uma tarefa difícil para iniciantes. Já para aqueles que compraram os papéis pensando no longo prazo, a dica é continuar com a sua estratégia decidida antes.

 

 

Os economistas mais cautelosos recomendam comprar ações defensivas, aquelas de segmentos não-cíclicos da economia, que fabricam bens ou prestam serviços considerados essenciais até em crises financeiras. Empresas de energia e saneamento estão entre as favoritas. Já os especialistas mais otimistas sugerem investir em papéis de setores cíclicos que podem se recuperar com a desaceleração da inflação e a queda de juros esperada por eles em 2023.

 

 

Carlos Macedo, economista e especialista em alocação de investimentos da corretora Warren, aconselha evitar fazer grandes movimentações na carteira agora. “Em ambientes de incerteza assim, quanto menos mexer nos investimentos, melhor”, recomenda. “Não é hora de apostar todas as fichas em determinado ativo e bancar o herói corajoso, baseado em emoções de curto prazo e especulações. É momento de manter uma carteira balanceada.”

 

Renda fixa

 

Com a expectativa de Selic alta por mais tempo, os títulos de renda fixa estão pagando muito bem, conforme os economistas. Fora do Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) podem render ainda mais.

 

 

O risco de calote desses papéis, emitidos por bancos, é maior, mas até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) devolve o dinheiro em caso de calote.

 

 

Os títulos atrelados à Selic e à inflação são consenso, enquanto os prefixados são controversos. Os títulos atrelados à Selic ou ao CDI são aconselhados para formar a reserva de emergência ou para realizar objetivos de curto prazo, porque não dão rendimento negativo ao longo do caminho.

 

Já os papéis atrelados à inflação ou prefixados são indicados para realizar objetivos de médio e longo prazo. Eles podem render mais, mas dar rendimento negativo antes da data de vencimento. Assim, é necessário estar disposto a resgatar o dinheiro apenas no final do prazo para ganhar o combinado.

 

No Tesouro Direto, dá para achar títulos atrelados à inflação oferecendo IPCA mais acima de 6% ao ano, com datas de vencimento entre 2026 e 2055, e títulos prefixados oferecendo acima de 13% ao ano, com datas de vencimento entre 2025 e 2033.

 

Inflação

 

Marco Caruso, economista-chefe do banco Original, acha que, como há dúvidas sobre o ritmo de melhora da inflação, vale a pena ter uma porção razoável da carteira em títulos atrelados à inflação. “Em ambientes de maior incerteza inflacionária como agora, faz mais sentido ter uma porção grande desses papéis”, afirma. Na análise dele, as taxas de juros dos títulos com data de vencimento mais curta estão suficientemente altas.

 

 

Caruso acredita que, como há chance de a Selic aumentar, os títulos prefixados ficaram mais arriscados. Caso a taxa de juros suba ou demore mais do que o esperado para cair, o comprador pode ficar preso em papéis com rendimento abaixo da Selic.

 

 

“Os títulos prefixados são apenas para quem tem apetite a risco maior ou para ter uma porção bem pequena, porque existe uma dúvida em jogo”, diz. “Eu não compraria prefixado agora com a incerteza fiscal tão alta, mas para quem comprar, é melhor os com data de vencimento mais curta.”

 

 

Com informação do Valor Investe

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