Dos 41 vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM), 25 são candidatos nas eleições de 2022. São 15 postulantes à Assembleia Legislativa, nove à Câmara dos Deputados e um ao Senado.
Se algum deles obtiver sucesso nas urnas, não completará o mandato para o qual foi eleito em 2020. A prática é comum, mas coloca em evidência o continuísmo político, que ocorre quando políticos no exercício de cargos eletivos se lançam a nova disputa.
No Brasil os vereadores formam o que se chama “pirâmide política”, com 58.208 parlamentares, de acordo com números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2020. O país tem 1.059 deputados estaduais ou distritais (os de Brasília), 513 deputados federais e 81 senadores, os únicos que têm mandatos de oito anos.
Necessidade de desligamento de um cargo
O analista político Helso Ribeiro diz que qualquer cidadão com direito políticos, respeitados os requisitos exigidos, pode se candidatar. Mas aponta a necessidade de uma reforma política que exija o desligamento de um cargo para a disputa de outro.
“Qualquer pessoa, qualquer eleitor, qualquer cidadão têm legitimidade para sonhar, para tentar, para querer concorrer a qualquer cargo. Agora, é claro que existe um carreirismo político. O sujeito se elege vereador e na sua campanha em momento algum ele fala: ‘caros eleitores, caso eu seja eleito, daqui a dois anos eu vou tentar ser Senador’. Ele não aborda isso, ele deixa em silêncio”, diz Helso.
“Seria interessante, mas depende de uma reforma política, que a partir do momento que você tenta outro cargo, teria que abandonar e o suplente assumir. Eu entendo que assim poucas pessoas tentariam surfar nessa onda”, completa.
Apesar da legitimidade para a disputa do cargo, o analista enxerga outro fator de continuísmo nas candidaturas de agentes políticos no curso do mandato.
“Às vezes, esta mudança, de vereador para senador, é um jogo de cena, porque ele vai ter uma visibilidade. E caso ele não ganhe a eleição, ele não perde nada, continua no cargo. Como eles não perdem o cargo de vereador, eles tentam essa aventura e acabam, ao mesmo tempo, dando visibilidade ao nome”.
Para o analista, os candidatos que disputam eleição no exercício de mandato, sejam para reeleição ou para novos cargos, tem ainda vantagem financeira sob os demais.
“Vamos pegar os vereadores de Manaus como exemplo. Eles tem o cotão [Ceap de R$ 33 mil], os servidores do gabinete… De certa forma, eles se elegem e já podem pensar numa campanha futura. E nenhum deles fala, na eleição para vereador, que depois de dois anos ele vai desistir do mandato e tentar outro salto”, reitera.
Senado, Câmara e Assembleia
Na tentativa de conquistar novos cargos nesta eleição, o maior salto político será de Elissandro Bessa (Solidariedade). Vereador há seis anos, é candidato ao Senado Federal. Na primeira ata do partido, Bessa foi indicado para disputar uma vaga à Câmara dos Deputados. Depois, confirmado ao Senado.
Questionado sobre o motivo da mudança, disse que “Solidariedade e PSB nacional conversaram e viram a necessidade de uma candidatura ao Senado. Recebi o convite para disputar o cargo e aceitei”.
Em 2018, quando foram eleitos dois senadores, a votação dos eleitos foi 834.809 e 607.286 votos, respectivamente. O terceiro colocado teve mais de meio milhão de votos – 581.553.
Bessa foi eleito vereador em 2016 com 5.167 votos. Em 2020 foi o último nome confirmado e se elegeu com metade da votação anterior – 2.573. O Solidariedade tomou a segunda vaga do DC na contagem final dos votos.
A diferença dos pleitos, principalmente na quantidade de votos para se eleger, não desencoraja Bessa. “A eleição para o Senado é uma eleição totalmente diferente do que a de vereadores.
Nossa eleição será apresentada à população como uma via alternativa a tudo que se apresenta nesse pleito”, diz. “O povo que tem o poder de escolher, irá confiar seu voto nesse candidato, vamos mostras nossas propostas e ideias e guardar a decisão soberana dos eleitores”.
Deputados
Nove vereadores são candidatos a deputado federal. Do Avante, partido do prefeito David Almeida, vem quase metade: o presidente da Câmara, David Reis; o líder do Executivo, Marcelo Serafim; Marcel Alexandre e Lissandro Breval.
Também vão tentar pular da Câmara Municipal para a Câmara Federal, Sassá da Construção (PT), Amom Mandel (Cidadania), Rodrigo Guedes e João Carlos (ambos do Republicanos) e Diego Afonso (União Brasil).
Outros 15 vereadores são candidatos a deputado estadual. São eles Antônio Peixoto (Pros), Caio André e Daniel Vasconcelos (PSC), Carpegiane Andrade (Republicanos), Eduardo Assis (Avante), Jander Lobato (PSB), Kennedy Marques e Rosinaldo Bual (PMN), Joelson Silva (Patriota), Raiff Matos (DC), Rosivaldo Cordovil (PSDB), Wanderley Monteiro (Avante) e Everton Assis, Gilmar Nascimento e Jacqueline Pinheiro (União Brasil).
Os que não serão candidatos tem por motivos parentes e padrinhos políticos concorrendo ou não tiveram as ‘bênçãos’ das igrejas que patrocinam suas candidaturas.
Com informação do Amazonas Atual
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