Anualmente, a Forbes publica a lista com as empresas brasileiras do agronegócio que mais se destacaram. Conheça as maiores empresas de capital aberto do país, seus desafios e suas perspectivas.
Em um ano turbulento por causa da pandemia do coronavírus, poucos setores escaparam da crise. O agronegócio foi um deles, conseguindo manter o bom ritmo de produção dos últimos anos, surpreendendo com uma safra recorde e exportações aquecidas como reflexo da valorização do dólar.
“O ano de 2020 vai entrar para a história do agronegócio. Tivemos um consumo de alimentos firme no mercado interno e no externo, puxado especialmente pela demanda asiática e pelo câmbio. A desvalorização do real deixou o nosso produto muito competitivo”, afirma Marcos Fava, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP) e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP).
A safra de grãos 2019/2020 (plantada em 2019 e colhida neste ano) bateu o recorde de 257,8 milhões de toneladas, com crescimento de 4,5% em relação à temporada anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os números provam que o agronegócio não pisou no freio durante a crise e seguiu trabalhando, evitando o desabastecimento durante a pandemia.
Anualmente, a Forbes publica a lista com as empresas brasileiras do agronegócio que mais se destacaram. Conheça as 100 maiores empresas de capital aberto do país, seus desafios e suas perspectivas.
Para a elaboração desta lista, que teve como base informações de demonstrativos financeiros das empresas, da agência Standard & Poor’s, da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da empresa de informações financeiras Economatica, foram consideradas empresas com faturamento no Brasil de pelo menos R$ 1 bilhão em 2019. Foi considerado também o grau de atuação de cada empresa ou grupo no agronegócio brasileiro, ainda que sua atividade principal tenha relação indireta com a produção agropecuária nacional.
Veja a lista completa:
1. JBS
Setor: proteína animal
Fundação: 1953, em Anápolis (GO)
Receita: R$ 204,5 bilhões
Principal executivo: Gilberto Tomazoni
Maior empresa de proteína animal e segunda maior de alimentos do mundo, a JBS é a segunda maior companhia brasileira e a maior empresa privada em faturamento.
Uma gigante com mais de 240 mil colaboradores em 400 unidades produtivas espalhadas por 15 países nos cinco continentes, a companhia que começou como um açougue no interior de Goiás na década de 1950 atualmente vai muito além das carnes bovina, suína e de aves: tem negócios correlacionados, como couros, biodiesel, higiene pessoal e limpeza, soluções em gestão de resíduos sólidos e embalagens metálicas.
Uma das companhias de origem brasileira mais internacionalizadas, a JBS atende cerca de 275 mil clientes em mais de 190 países. Em 2019, apresentou seu melhor resultado histórico, com faturamento superior a R$ 200 bilhões e lucro líquido acima de R$ 6 bilhões.
2. RAÍZEN ENERGIA
Setor: bioenergia
Fundação: 2011, em São Paulo (SP)
Receita: R$ 120,6 bilhões
Principal executivo: Ricardo Dell Aquila Mussa
Principal fabricante de etanol de cana-de-açúcar do Brasil e maior exportadora individual de açúcar de cana no mercado internacional, a Raízen surgiu como uma joint venture entre a Cosan e a Shell do Brasil.
Ela é responsável pela produção de cerca de 2,5 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar por ano, destinados aos mercados interno e externo. Além do biocombustível, as atuais 26 unidades produzem 73 milhões de toneladas de açúcar anualmente e têm 1 gigawatt de capacidade instalada de produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana.
Na área de combustíveis, a empresa comercializa 25 bilhões de litros para os segmentos de transporte e indústria por meio de seus 65 terminais de distribuição, além de abastecer sua rede de 7 mil postos de serviço da marca Shell e 66 aeroportos. A Raízen emprega mais de 30 mil funcionários.
3. COSAN
Setor: bioenergia
Fundação: 1936, em Piracicaba (SP)
Receita: R$ 73,0 bilhões
Principal executivo: Luis Henrique Cals de Beauclair Guimarães
Uma das maiores empresas de bioenergia do país, a Cosan nasceu quando os irmãos Pedro e João Ometto se associaram ao empresário Mário Dedini para comprar a usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP).
Em 1989, o grupo chegou a ser o maior produtor de açúcar e álcool do mundo, com 22 empresas e moagem de 10,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar (5% do total brasileiro). Hoje exporta etanol e açúcar, gerando energia ao utilizar o bagaço da cana.
Também fornece gás canalizado no Brasil e atua na logística de açúcar e outros granéis sólidos destinados à exportação. Com a produção de lubrificantes e especialidades, exporta para mais de 40 países da América do Sul, Europa e Ásia.
Em 2012, adquiriu o controle da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), privatizada pelo governo do estado, ampliando sua atuação na área de energia.
4. AMBEV
Setor: agronegócio indireto
Fundação: 1999, em São Paulo (SP)
Receita: R$ 52,6 bilhões
Principal executivo: Jean Jereissati Neto
Maior cervejaria do mundo, nascida da compra da Antarctica pela Brahma, a gigante industrial Ambev também atua no agronegócio. A cervejaria é uma voraz consumidora de cevada, matéria-prima do malte, principal insumo da cerveja.
Nesse sentido, a Ambev produz cevada diretamente no Paraná e no Rio Grande do Sul, e atua também em parceria com cooperativas nessas regiões, que produzem cevada para abastecer suas maltarias. A empresa também vem investindo em novos produtos, como uma cerveja elaborada à base de mandioca. A Ambev é vista como uma das empresas mais promissoras pelos analistas de investimento.
5. MARFRIG GLOBAL FOODS
Setor: proteína animal
Fundação: 2000, em São Paulo (SP)
Receita: R$ 48,8 bilhões
Principal executivo: Miguel de Souza Gularte (América do Sul)
Segunda maior empresa de proteína animal do mundo, a Marfrig é hoje uma empresa internacional.
Em 2019, mais de 70% da receita veio das operações na América do Norte. A Marfrig possui capacidade de abater 31,2 mil bovinos e 6.500 ovinos por dia. A empresa comprou, e posteriormente vendeu, unidades da Seara Alimentos e da americana Moy Park. Posteriormente, adquiriu empresas líderes nos Estados Unidos, como Keystone e National Beef. Mais recentemente, a Marfrig investiu em unidades vendidas pela BRF.
Sua iniciativa mais recente, em parceria com a trading Archer Daniels Midland, é o desenvolvimento e produção em larga escala de hambúrgueres e outros produtos com base em proteína vegetal.
6. CARGILL AGRÍCOLA
Setor: tradings
Fundação: 1865, em Conover, Iowa (EUA). No Brasil desde 1965
Receita: R$ 48,7 bilhões
Principal executivo: Paulo Sousa
Com mais de 150 anos, a Cargill é a maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos e uma das poucas cujo controle permanece integralmente nas mãos da família fundadora. A empresa surgiu a partir de um armazém para grãos e posteriormente expandiu suas atividades para outras commodities.
Atualmente, a Cargill atua nas áreas de alimentos, energia e logística. No Brasil desde 1965 e empregando cerca de 11 mil funcionários, ela é uma das maiores indústrias de alimentos do país. Está presente em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal por meio de unidades industriais, armazéns, terminais portuários e escritórios em 147 municípios.
É proprietária de marcas tradicionais do mercado de consumo, como o óleo de milho Mazola, a maionese Lisa e os molhos e extrato de tomate Elefante.
Redação
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