Estamos enfrentando uma crise planetária e a espécie humana é causa do problema. Em mensagem no Dia Internacional da Terra (22), o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou: “Hoje, estamos enfrentando uma tripla crise: distúrbio climático e ambiental, perda de biodiversidade, poluição e desperdício. Isso está ameaçando o bem-estar e a sobrevivência de milhões de pessoas em todo o mundo, e os alicerces de uma vida feliz e saudável – água limpa, ar fresco, clima estável e previsível".
A seguir, conheça algumas das 50 iniciativas propostas pela Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas, que tem como objetivo prevenir, deter e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos. Vem com a gente conhecer cinco soluções inspiradoras:
1. Transformação de minas de carvão em sumidouros de carbono
A técnica de mineração leva perda de extensas florestas e da biodiversidade, pois converte as áreas em pastagens, que acabam se tornando um lugar de espécies não nativas. Pensando nisso, desde 2009, a Green Forests Work vem restaurando terras minadas pelo carvão e já plantou quase 4 milhões de árvores nativas em mais de 6 mil acres.
Um exemplo da ação acontece nas Montanhas Apalaches, nos Estados Unidos, que está passando por um reflorestamento em terras impactadas por projetos de mineração de carvão.
“Muitas terras mineradas estão entre os melhores lugares para plantar árvores com o objetivo de mitigar as mudanças climáticas. Como os solos de áreas de mineração recuperadas inicialmente têm muito pouco carbono orgânico, eles podem servir como sumidouros de carbono por décadas, se não séculos, à medida que as florestas crescem e constroem os solos”, explica Michael French, Diretor de Operações da GFW, à ONU News.
2. Promoção da conexão dos ecossistemas
A vasta extensão de vegetação natural perdida pelo desmatamento e atividade agrícola levou um grupo de ativistas a criar a solução Gondwana Link. Eles perceberam que mesmo com a perda da mata nativa, muitos hotspots de biodiversidade permaneceram intactos em áreas de conservação, mas estavam desconectados, o que poderia levar ao seu desaparecimento.
Por isso, o grupo atua para reconectar os ecossistemas na Austrália, apoiando o meio ambiente e os povos Noongar e Ngadju, que foram desapropriados nos tempos coloniais.
3. Transplante de fragmentos de coral 'sobreviventes'
Os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais biologicamente diversos e valiosos da Terra, abrigando 25% de toda a vida marinha. No entanto, ambientalistas ressaltam que eles correm risco de desaparecer até o final do século em todo o mundo, devido ao aumento das temperaturas.
Para combater o problema, a Fragments of Hope está transplantando com sucesso recifes devastados, por meio de corais geneticamente robustos, diversos e resilientes, no Parque Nacional Laughing Bird Caye - um Patrimônio Mundial da UNESCO, localizado na ilha de Belize. Hoje, mais de 49 mil fragmentos de corais cultivados em viveiro foram plantados e novos locais incluem Moho Caye (mais de 11 mil corais plantados) e South Silk Caye (mais de 2 mil corais plantados). Segundo a fundadora da organização, Lisa Carne, os corais estão se recuperando.
“Nosso trabalho é importante porque estamos nos esforçando para evitar a extinção dos corais acroporídeos do Caribe , que estão a um passo de serem extintos na natureza. Achamos que também é importante educar e inspirar as pessoas a fazer mais para entender os recifes e as ameaças a eles, como as mudanças climáticas”, disse à ONU News.
4. Restauração de bacias hidrográficas
Outro exemplo de esforços de conservação em grande escala está acontecendo nas montanhas dos Andes, na América do Sul. Por lá, comunidades locais de cinco países diferentes estão trabalhando juntas para cultivar e plantar árvores nativas e proteger suas fontes de água.
A ONG Accion Andina prevê que até o final de 2022, eles terão plantado mais de 6 milhões de árvores nativas. Seu objetivo é restaurar um milhão de hectares de florestas nos próximos 25 anos.
O cofundador da ONG, Constatino Aucca Chutas, explica que as florestas nativas, especialmente as espécies Polylepis e as áreas úmidas ajudam a criar e armazenar grandes quantidades de água ao redor de suas raízes, solos e musgos. “Eles são nossos melhores aliados para se adaptar às mudanças climáticas e ajudarão a garantir água para nossos meios de subsistência nas próximas décadas. Mas temos que trazê-los de volta”, afirmou à ONU News.
5. Preservação de ervas marinhas absorventes de carbono
As ervas marinhas fornecem alimento e abrigo para muitos organismos marinhos e fazem fotossíntese da mesma forma que as plantas terrestres, absorvendo dióxido de carbono e água e liberando oxigênio. Por isso, são essenciais no combate às mudanças climáticas. No entanto, dados apontam que nos últimos 40 anos, o mundo perdeu um terço de suas ervas marinhas devido ao desenvolvimento costeiro, declínio da qualidade da água e, claro, a crise climática.
Aí que surgiu o Projeto Seagrass, no Reino Unido, que vem trabalhando há uma década para reverter essa tendência. Com a ajuda de mais de 3 mil voluntários, eles conseguiram plantar mais de um milhão de sementes de ervas marinhas e conscientizar sobre sua importância.
“Com dois hectares completos de ervas marinhas restaurados com sucesso, nossa organização provou que a restauração de ervas marinhas em larga escala no Reino Unido é possível. Estamos usando uma combinação de tecnologias de ponta para avaliar locais e planejar testes de campo”, explicou a organização à ONU News.
Com informação de Um só planeta
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