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Conflito Venezuela-Guiana afetará Amazonas e Roraima



Conflito Venezuela-Guiana afetará Amazonas e Roraima

02/12/2023




A Venezuela realiza, neste domingo (3), um plebiscito nacional que poderá afetar as relações com Brasil e Guiana Inglesa e criar um corredor de refugiados com consequências imprevisíveis para os Estados do Amazonas e Roraima, que há cinco anos já recebem um fluxo intenso de refugiados do país vizinho.

 

 

Foto: divulgação

 

O plebiscito convocado pelo presidente Nicolas Maduro perguntará aos venezuelanos se eles concordam com a anexação da região guianense conhecida como Essequibo ou Guiana Essequiba. A área total envolvida corresponde a dois terços do território da Guiana Inglesa, País que não tem Exército regular.

 

 

A região também é a mais rica da Guiana, pois tem reservas de petróleo que somam mais de 10 bilhões de barris. Para complicar, essa área é explorada pela empresa norte-americana ExxonMobil, o que certamente atrairá o interesse dos EUA para a situação.

 

 

Os diplomatas do Itamaraty temem um conflito militar de consequências imprevisíveis, com repercussão certa no Brasil, pois envolveria o exército da Venezuela, um dos mais equipados do continente e que tem apoio da Rússia.

 

 

A Guiana não tem exército regular, só forças policiais, mas certamente atrairá a proteção dos Estados Unidos e Inglaterra, que não têm em grande conta a ditadura de Nicolas Maduro.

 

Unidades militares do Amazonas podem ser acionadas

 

O governo brasileiro tenta mediar um acordo, mas preventivamente já aumentou o efetivo dos Pelotões Especiais de Fronteira (PEFs) de 100 para mais de 400 homens da 1ª Brigada da Infantaria de Selva, organização militar subordinada ao Comando Militar da Amazônia (CMA).

 

 

Essa mobilização de militares deverá ser reforçada por homens de unidades estacionadas em Manaus, como o 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º BIS), Parque Regional de Manutenção e o 12º Batalhão de Suprimentos (12º BSup), unidades que hoje participam ativamente da Operação Acolhida, mantida pelo Governo Brasileiro em Pacaraima (RR) e Boa Vista (RR) para recepcionar refugiados do regime de Nicolas Maduro.

 

 

Um capitão do Exército lotado na operação Acolhida em Pacaraima, que pediu para não ser identificado, disse que a realização do plebiscito gerou tensões na fronteira do município brasileiro com Santa Elena do Uairén, na Venezuela, pois é dado como certo pelos venezuelanos acolhidos pelo Exército que a incorporação da Guiana Essequiba será aprovada no domingo.

 

 

“O fluxo de refugiados, que hoje varia entre 100 e 500 por dia, vai aumentar. Ninguém quer ficar numa zona de guerra e os EUA não assistirão esse conflito passivamente“, analisa o militar.

 

 

Amazonas tem ligações com Venezuela e Guiana

 

Uma das áreas que mais aproximam os amazonenses dos países vizinhos que poderão entrar em guerra, dependendo do resultado do plebiscito de domingo, é o turismo, que já foi fortíssimo com a Venezuela e e segue em alta com a Guiana.

 

 

Durante boa parte dos anos 2000, a ilha caribenha de Margarita foi o principal destino turístico do manauense que se beneficiava do câmbio favorável ao real diante do peso, ligação rodoviária pela BR-174 e os preços baixíssimos de produtos derivados de petróleo (coolers, pneus etc) e de consumo como whisky escoceses, perfumes e roupas de grife.

 

 

“Margarita era uma nova Fortaleza (CE), tinha mais amazonenses por lá nas férias do que nas calçadas da Eduardo Ribeiro”, brinca o empresário Clemilton Pinto, que costumava passar férias com amigos que iam em caravana pela BR-174 para curtir as praias de Margarita.

 

 

Esse fluxo turístico de lazer, praticamente, desapareceu após a crise iniciada pelo embargo econômico dos EUA ao governo de Nicolás Maduro, há cinco anos.

 

 

Ainda hoje, contudo, há linhas regulares de ônibus para Santa Elena do Uairén saindo de Manaus, mas apenas para turismo de compras de produtos plásticos derivados de petróleo (coolers, mesas e cadeiras).

 

 

Com a Guiana Inglesa há um grande fluxo de turismo comercial para a cidade fronteiriça de Letthem, um entreposto comercial dominado por comerciantes chineses. Há caravanas organizadas em Manaus para pessoas que vão fazer compras na cidade e revendem os produtos aqui.

 

 

“Há um potencial grande de venda de produtos de cosméticos, roupas, papéis de parede e ferramentas”, diz a funcionária pública Beatriz França, que costuma aproveitar feriadões para ir até Letthem, passar o dia fazendo compras, pernoitar em Boa Vista e no terceiro dia voltar para Manaus, numa maratona de compras que, segundo ela, dá um bom lucro, principalmente com cosméticos (batons, cremes, delineadores etc).

 

 

Conflito começou no século XVIII

 

A consulta que o governo de Nicolás Maduro fará ao povo venezuelano é o ponto de maior tensão num conflito bicentenário e que remonta à formação da maioria dos Países da América do Sul. Quando começou, o Acre ainda era território da Bolívia.

 

 

O território de 160 mil km², com uma população de 120 mil de guianenses, é alvo de disputa desde 1899, quando esse espaço foi tomado pela Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época. A Venezuela, no entanto, não reconhece essa decisão e sempre considerou a região “em disputa”. 

 

 

Em 1966, as Nações Unidas intermediaram o Acordo de Genebra – logo após a independência da Guiana –, segundo o qual a região ainda está “por negociar”.

 

 

A Venezuela, como o plebiscito, quer retomar a decisão de 1899, que lhe garantia soberania sobre Essequibo numa disputa com a Grã-Bretanha.

 

 

Com informação do Real Time

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