Valorização de profissionais, reforma de hospitais e unidades básicas de atendimento, redução da fila de espera para marcação de consultas, exames e cirurgias, mutirão de atendimento e atenção diferenciada para o ribeirinho, indígena, mulher, e pacientes renais e oncológicos.
Esses temas, repetitivos, dominam as propostas apresentadas pelos seis candidatos e pelas duas candidatas ao Governo do Estado. Em comum também a falta de prazo definido e método para execução das ações, e a origem e os valores dos recursos financeiros empregados.
Apresentação de planos de governo é obrigatória desde 2009 com a Lei 12.304, que alterou partes do Código Eleitoral (Lei nº 9.504/1997). De acordo com o inciso IV do artigo 11, devem ser informados no pedido de registro de candidatura.
Wilson Lima (União)
O candidato Wilson Lima (União), que concorre à reeleição, propõe quatro ações para um possível segundo mandato: ampliar o número de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) e implantar policlínicas nos municípios; promover mutirões para a realização de consultas, exames e cirurgias; distribuir absorventes para alunas da rede estadual em situação de insegurança econômica familiar; e a construção do primeiro Hospital Veterinário público, combinando a ação com a castração de animais.
Em janeiro de 2021 o sistema público de saúde enfrentou um colapso com o surto de Covid-19 no Amazonas. Faltou UTI, que foi providenciada às pressas em hospitais provisórios e, em alguns casos, improvisados. Pacientes foram transferidos para outros estados devido à falta de leitos.
No dia 14 de janeiro do ano passado Manaus enfrentou falta de oxigênio hospitalar e pacientes internados morreram por asfixia. Parentes de vítimas da Covid-19 faziam fila para comprar cilindros de oxigênio. No interior, municípios contrataram emergencialmente usinas de oxigênio. Não há, nos planos de governo, propostas para resposta imediata à uma nova epidemia.
A distribuição de absorventes está prevista em lei estadual, aprovada em 2021. O Hospital Veterinário do Amazonas está na fase inicial de construção e é fruto de lei aprovada pelos deputados. Lima não especifica o número de UTIs que pretende construir e nem como serão os mutirões de atendimento.
Amazonino Mendes (Cidadania)
O ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania), que tenta se eleger para um quinto mandato, diz que vai valorizar os profissionais, mas não diz como. Defende a retomada de transplantes de órgãos, ampliação e reestruturação da rede hospitalar e investimentos em inovação tecnológica.
O candidato não diz quantas unidades serão ampliadas e nem qual o valor a ser aplicado nas ações.
Carol Braz (PDT)
Carol Braz (PDT) promete realizar mutirão de atendimento para exames, consultas, procedimentos e cirurgias. Reduzir a fila das demandas da população, melhorar a distribuição de remédios pela Cema (Central de Medicamentos do Amazonas) e reativar serviços de cirurgia nos hospitais Adriano Jorge (ortopédico), Delphina Aziz (geral) Francisca Mendes (cardiovasculares) são outras propostas.
A saúde da mulher, do indígena, de pacientes oncológicos e renais crônicos, reabilitação de dependentes químicos e serviço de saúde mental são citados no plano de governo de Carol Braz. Ela afirma que vai buscar parceria com o Hospital do Câncer de Barretos e outros de referência para a implementação de uma unidade especializada em nosso estado.
Para todas as propostas e ações, a candidata não diz como será o procedimento para tirar as ideias do papel, nem prazo de execução ou valor de investimentos.
Israel Tuyuka (Psol)
Único candidato formado em Medicina entre os oitos postulantes ao cargo de governador, Israel Tuyuka (Psol) relaciona 19 propostas para a saúde pública.
Entre elas, a valorização dos profissionais, pagamento do piso nacional da enfermagem, construção de UTIs em hospitais das calhas dos rios do Amazonas e incentivo para fixação de profissionais médicos no interior.
Atenção à saúde do autista, do ribeirinho e do indígena, com valorização de procedimentos fitoterápicos, conforme tradições do seu povo, também estão no plano de Tuyuka. Ele promete reduzir fila de marcação de consultas e exames, ampliar o banco de leite materno e criar políticas de parto humanizado.
A exemplo dos demais candidatos, Tukuya não indica como serão realizadas as ações, prazo de execução, ou dotação orçamentária para as atividades.
Ricardo Nicolau (Solidariedade)
Ricardo Nicolau (Solidariedade), do grupo Samel – rede de saúde particular -, promete construir novos hospitais no interior e melhorar a infraestrutura dos que estão em funcionamento.
O candidato também defende a construção de maternidade para partos de alto risco na zona leste de Manaus com 300 leitos; ampliar os leitos da Fundação Cecon de 135 para 300; ampliar as urgências e emergências dos hospitais Platão Araújo, 28 de Agosto, João Lúcio Machado, Adriano Jorge e da Maternidade Ana Braga.
Nicolau diz que vai construir quatro Centros de Rádio Diagnóstico em Manaus. Essas propostas não têm informações de valores investidos, prazo e forma de execução. Para reduzir a fila de espera, vai ampliar o atendimento das policlínicas à noite e finais de semana.
Nair Blair (Agir)
Nair Blair (Agir) tem propostas que destoam do padrão. As principais são revisar os contratos que terceiram mão de obra e serviços na saúde e agilizar nomeações de aprovados em concurso.
Também propõe ampliar ações destinadas à saúde da mulher com programa de planejamento familiar, prevenção à gravidez na adolescência, cuidados na primeira infância, proteção a vulneráveis e o fortalecimento dos programas de assistência às vítimas de crimes sexuais.
Eduardo Braga (MDB)
O senador Eduardo Braga (MDB), que governou o Estado em duas oportunidades, não apresentou proposta específica para a Saúde em seu plano de governo. Henrique Oliveira (Podemos) também não tem propostas para a área.
Na saúde pública, propostas políticas têm ênfase nos efeitos e não nas causas de doenças ou de problemas que sufocam o setor. Entre os candidatos a governador do Amazonas, as propostas são como placebo: atenuam a dor, mas não curam a enfermidade.
Valorização de profissionais, reforma de hospitais e unidades básicas de atendimento, redução da fila de espera para marcação de consultas, exames e cirurgias, mutirão de atendimento e atenção diferenciada para o ribeirinho, indígena, mulher, e pacientes renais e oncológicos são promessas comuns.
Em nenhuma delas há medidas para imunizar de vez as carências da saúde como recursos financeiros definidos, prazo de execução ou ações concretas de melhoria na saúde. Apresentação de planos de governo é obrigatória desde 2009 com a Lei 12.304, que alterou partes do Código Eleitoral (Lei nº 9.504/1997).
Com informação do Amazonas Atual
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19/08/2022
