Vários jornais internacionais repercutiram a retomada do carnaval no Rio de Janeiro, que volta a ser realizado após dois anos abalado pela pandemia de Covid-19. A imprensa publica as primeiras imagens dos desfiles e chama a atenção para impacto da celebração na economia do país.
Grande Rio é campeã, pela primeira vez, do carnaval do Rio. Foto: Agência Brasil
"Um carnaval mágico para enterrar a Covid". Foi assim que a revista francesa Le Point resumiu a festa que acontece neste fim de semana no Brasil. A publicação relata como os membros das escolas de samba e os 75 mil espectadores dos desfiles no Sambódromo do Rio de Janeiro esperavam esse momento para "recuperar o tempo e a alegria perdidos".
"O maior espetáculo da terra”
Segundo o diário francês Le Parisien, "o maior espetáculo da terra" volta com mais força este ano, após esse período suspenso por causa da pandemia. A anulação da festa no ano passado "foi vivida como um drama nacional pelos brasileiros", um povo "louco por samba", que tem o carnaval "no DNA", descreve Le Parisien.
O jornal belga Le Soir também afirma que esta edição tem "um sabor especial", lembrando que o Brasil foi o segundo país com o maior número de mortos vítimas da Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A publicação ressalta que mesmo se o vírus está menos presente no solo brasileiro nesse momento, ele "não desapareceu totalmente", já que cerca de 100 mortos continuam sendo registrados diariamente.
O jornal norte-americano USA Today traz em seu site um vídeo compilando as imagens dos primeiros desfiles no Rio de Janeiro, com o título "Carnaval do Brasil volta após intervalo de dois anos", enquanto o britânico The Guardian publica uma longa reportagem feita por seu correspondente no Brasil, que se encontrou com vários dos personagens que participam e ajudam a construir esse evento, lembrando que muitos costureiros, percussionistas e compositores "perderam suas vidas e entes queridos quando a Covid-19 dizimou a comunidade carnavalesca do Rio e forçou seus desfiles anuais a serem cancelados".
Duas coisas organizadas no Brasil: Carnaval e desordem
Se algumas publicações falam da folia de Momo como uma espécie de catarse para enterrar a Covid, o jornal colombiano La Opinion preferiu dizer que o Rio de Janeiro "renasce" com esse primeiro Carnaval desde a pandemia. Um renascimento para a população, mas também "um alívio para os setores econômicos afetados pelo surto, como a hotelaria, que espera uma taxa de ocupação em torno de 78%".
Como manda a tradição da publicação, a revista francesa Paris Match traz uma bela seleção de fotos dos primeiros desfiles do Rio de Janeiro. Mas também enfatiza o aspecto econômico do evento, lembrando que o carnaval "gera 45 mil empregos e R$ 4 bilhões" para a "Cidade Maravilhosa".
O jornal francês Le Figaro também se interessa pelo impacto no turismo, e anuncia uma taxa de ocupação dos hotéis ainda mais alta, na casa dos 85%. Citando Alfredo Lopes, presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (Hotéis Rio), o diário francês ressalta que a alta do dólar e a guerra nas portas da Europa fizeram com que os brasileiros viajassem muito mais dentro do país, um fenômeno positivo para os profissionais que esperam lucrar com o Carnaval.
Le Figaro também explica que a festa, que este ano acontece em abril, só foi adiada em 1912, por causa da morte do Barão de Rio Branco. O diplomata, lembra o jornal francês, teria dito que "existem no Brasil apenas duas coisas realmente organizadas: a desordem e o Carnaval". E, aponta Le Figaro, um século depois, essa afirmação continua valendo.
Com informação da VOL
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