O fim dos combustíveis fósseis não foi decretado, mas o mundo concorda que é preciso se "afastar" deles, começando ainda nesta década.
Foto: divulgação
Esta é a principal conclusão da 28ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, que terminou nesta quarta-feira (13) com um acordo negociado entre 195 países.
Veja, abaixo, um resumo dos principais pontos:
- Pela 1° vez, os países concordaram é preciso fazer uma "transição energética" para redução do uso combustíveis fósseis.
- No entanto, o texto não cita a eliminação de combustíveis fósseis — ideia que não agradou os ambientalistas.
- Acordo propõe que seja triplicada a capacidade de energia renovável a nível mundial até 2030.
- Países anunciaram um fundo de US$ 420 milhões para apoiar países afetados pelo aquecimento global, mas valor é considerado baixo.
- Conferência não estabeleceu compromissos concretos de financiamento para adaptação e mitigação, mas concorda que mais dinheiro precisa chegar aos países afetados.
Ponto-chave:
O acordo reconhece que é necessária a redução no uso de combustíveis fósseis, mas não diz como isso será feito e não cita a eliminação, que é uma meta já acordada para 2050, data estipulada pela ONU para não ter mais emissões de gases de efeito estufa.
O texto final foi divulgado nesta madrugada, quase 24 horas depois do prazo inicial. Marcada pela forte oposição dos países produtores de petróleo que buscavam evitar diretrizes mais imediatas pelo fim do uso da energia suja fossem adotadas, o texto final ficou distante do que desejavam os especialistas que alertam para a urgência do fim do uso do carvão, petróleo e gás.
- Cientistas do clima e demais especialistas desejavam que o documento final utilizasse a expressão "phase out", no sentido de eliminar os combustíveis fósseis.
- Em seu lugar, o documento sugere uma transição, “transition away from”, no original em inglês.
- Mas, por outro lado, é a primeira vez desde 1994, quando a Convenção do Clima da ONU entrou em vigor, que os países concordam que é preciso deixar de usá-los em seus sistemas energéticos.
- O texto da COP não estabelece metas gerais. Agora, cabe a cada país elaborar ou atualizar suas próprias metas nacionais de redução da emissão da gases de efeito estufa através de políticas e investimentos.
Looby contra e a favor do petróleo
Ao longo da conferência do clima, mais de 100 países tentaram encontrar um consenso para definir meios para eliminar gradualmente o uso de petróleo, gás e carvão. O grupo contou com o apoio de grandes produtores de petróleo e gás, como os Estados Unidos, o Canadá e a Noruega, juntamente com o bloco da União Europeia (UE) e vários outros governos.
Porém, encontraram forte oposição da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderado pela Arábia Saudita, que argumentou que o mundo pode reduzir emissões sem evitar a eliminação de combustíveis específicos.
O grupo controla quase 80% das reservas de petróleo do mundo — e os seus governos dependem fortemente dessas receitas.
O presidente da COP 28, Sultan Al Jaber, chamou o acordo de "histórico", mas acrescentou que o seu verdadeiro sucesso estaria na sua implementação.
“Somos o que fazemos, não o que dizemos”, disse Al Jaber. “Devemos tomar as medidas necessárias para transformar este acordo em ações tangíveis”
Vários países também aplaudiram o acordo por ter conseguido algo difícil em décadas de negociações sobre o clima.
“É a primeira vez que o mundo se une em torno de um texto tão claro sobre a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Espen Barth Eide. "Tem sido o elefante na sala. Finalmente abordamos isso de frente”
Com informação do G1
|