O ambiente é de tensão e medo na comunidade de Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Depois de ser atacada a tiros por um grupo de garimpeiros, existe grande preocupação sobre o risco de uma nova invasão, ainda mais agressiva e violenta, por parte dos criminosos.
3 garimpeiros morreram e 4 ficaram feridos durante conflito armado na Terra Indígena Yanomami. Um indígena também ficou ferido com um tiro na cabeça, mas sobreviveu. A informação é do presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-Y), Junior Hekurari Yanomami.
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Àinda Júnior Hekurari Yanomami, disse que a comunidade teme o retorno dos criminosos em um novo ataque. A presença do Exército na região não passa tranquilidade aos indígenas, pelo contrário: como informou Fabiano Maisonnave na Folha, grupos Yanomami encaminharam ao comando do Exército e ao Ministério Público Federal uma reclamação contra o comandante do 5º Pelotão Especial de Fronteira (PEF), sob a acusação deste agir de maneira autoritária contra a comunidade de Maturacá, também na TI Yanomami, mas no Amazonas.
Eles também criticam a prisão de um jovem Yanomami, acusado por militares de tentativa de estupro no final de abril contra a esposa de um soldado do PEF: na carta, os indígenas não negam a agressão, mas dizem que a pessoa detida é inocente e foi presa de maneira ilegal.
Ao mesmo tempo, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o governo federal remova imediatamente os garimpeiros ilegais que atuam na TI Yanomami. A petição foi entregue ao ministro Luís Roberto Barroso, relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que acusa a União de se omitir no combate à pandemia nas aldeias indígenas.
O ataque dos garimpeiros evidenciou a vulnerabilidade do Povo Yanomami, que vem sofrendo com a omissão do poder público no tratamento médico contra a COVID-19 e na defesa de sua integridade física contra criminosos. Na semana passada, o retrato de uma criança Yanomami desnutrida e doente viralizou na internet, gerando uma comoção internacional.
Na 3ª feira (11/5), policiais federais que foram até a região após o primeiro ataque chegaram a trocar tiros com uma embarcação com garimpeiros, sem deixar feridos.
Funai
Um relatório assinado pela coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana da Funai, Elayne Rodrigues Maciel, produzido na segunda-feira, informa que os indígenas revidaram o ataque e que “não foi possível colher maiores informações sobre o fato, contudo é possível afirmar que este não foi o primeiro conflito naquela região e os indígenas temem novos ataques”.
Após o ataque, os indígenas se esconderam na mata, pois os garimpeiros disseram que voltariam para atacar novamente a comunidade, de acordo com relato que consta no relatório da Funai. “Dada a gravidade dos fatos e o perigo iminente de novos conflitos, não será possível que a Funai diligencie até a comunidade para colher maiores informações sem que haja escolta das forças de segurança pública”, finaliza Elayne no documento.
Nesta terça-feira, a Funai divulgou nota dizendo que “acompanha, junto às autoridades policiais, a apuração de suposto conflito ocorrido na segunda-feira na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.”
A fundação acrescentou que o documento foi elaborado em âmbito interno, de forma preliminar, e que não reflete a posição oficial da fundação. “O relatório apresenta versão unilateral sobre o ocorrido, com base em informações iniciais fornecidas por terceiro, carecendo, portanto, de apuração, o que já está a cargo das instituições policiais”, diz a nota.
Com informação do ClimaInfo e Agência Brasil
Fotos: Divulgação
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