No cenário geopolítico cada vez mais instável, o Brasil foi recentemente convidado a integrar o grupo de países produtores de petróleo Opep+ como membro associado. Quem protagonizou tal oferta foi a Arábia Saudita, a maior exportadora de petróleo do mundo, durante a recente viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Oriente Médio.
Esse convite foi confirmado pelo próprio presidente no último sábado, durante o segundo dia de sua participação na COP28. Segundo Lula, a inclusão do Brasil na Opep+ tem um propósito muito específico: convencer os produtores de que a era dos combustíveis fósseis está chegando ao fim.
O que é a Opep?
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é um grupo formado por 13 países, que foi fundado na década de 1960. Trata-se da principal entidade responsável por definir o rumo dos preços do petróleo no cenário internacional.
Na lista de membros permanentes, incluem-se países como a Arábia Saudita, Irã, Iraque, Nigéria, Gabão e Venezuela. A partir de 2016, a organização começou a estender convites para países com relevância no mercado de petróleo agirem como membros associados, originando a Opep+.
Qual é o impacto da Opep no mercado de petróleo?
Grupos como Rússia, México e Cazaquistão passaram a participar das reuniões da Opep, o que aumentou consideravelmente o impacto do grupo no mercado de petróleo. As reuniões da Opep+ para acertar a escala da produção de petróleo costumam ser observadas com bastante rigor e qualquer alteração nos encontros (como adiamentos, por exemplo) pode causar alterações consideráveis nos preços do petróleo no mercado internacional.
Nas últimas reuniões realizadas pela Opep+, ficou decidido que seriam realizados cortes voluntários na produção de petróleo para o primeiro trimestre de 2024. Países como a Arábia Saudita e a Rússia concordaram em reduzir a produção em cerca de 2 milhões de barris por dia.
O papel exercido pela Opep se estende para além do Oriente Médio. A organização inclui membros e aliados em continentes como Ásia, África e América do Sul, sendo responsável por mais de um terço da produção mundial de petróleo. Anderson Dutra, sócio líder de energia e recursos naturais da KPMG Brasil, menciona que isso confere à entidade “um poder de barganha enorme”.
Esses esforços de negociação para manipular os preços do petróleo têm um histórico, com a Opep empregando tal estratégia pela primeira vez em 1973, quando impôs um embargo e aumentou os preços do barril de petróleo em retaliação às ações de Israel e dos Estados Unidos contra os palestinos e países árabes da região durante a Guerra do Yom Kippur.
No entanto, o potencial de influência da Opep+ nos conflitos atuais do Oriente Médio ainda é incerto e poderá ser com mais clareza após o convite feito ao Brasil ser efetivamente aceito.
Com informação de BM&C News
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