Novak Djokovic deixou a Austrália, neste domingo (16/01), depois que a Justiça rejeitou seu recurso contra sua deportação ordenada pelo governo, que considerou que o número um do mundo no tênis representava um "risco para a saúde" por não se ter vacinado contra a covid-19.

Tomada por unanimidade pelos três juízes do tribunal, a decisão pôs fim às esperanças do sérvio, de 34 anos, de conquistar seu 21º título de Grand Slam, no Aberto da Austrália, que começa nesta segunda-feira (17/01).
"Estou muito decepcionado", disse Djokovic em um comunicado.
"Respeito a decisão do tribunal e vou cooperar com as autoridades competentes em relação à minha saída do país", afirmou, pouco antes de deixar Melbourne, às 22h51 locais (8h51 em Brasília), segundo uma jornalista da AFP a bordo do avião.
"Agora vou tirar um tempo para descansar e me recuperar", disse o jogador, cuja carreira pode se ver seriamente afetada, após a decisão.
Fomentava o sentimento antivacina
Djokovic foi autorizado a deixar o centro de detenção para imigrantes, onde estava detido desde sábado, e assistiu online, dos escritórios de seus advogados em Melbourne, à audiência de quatro horas de duração.
Em suas argumentações finais ao tribunal no sábado, o ministro da Imigração, Alex Hawke, argumentou que a presença de Djokovic no país era, "provavelmente, um risco para a saúde".
Segundo o ministro, fomentava o "sentimento antivacina", podendo dissuadir os australianos de receberem doses de reforço, quando a variante ômicron se espalha rapidamente pelo país.
"Distúrbios civis"
A presença do campeão na Austrália poderia até "provocar um aumento dos distúrbios civis", acrescentou o ministro.
Embora tenha considerado como "insignificante" o risco de o próprio Djokovic infectar os australianos, o ministro disse que seu "menosprezo" pelas normas sanitárias contra a covid-19 era um mau exemplo.
Hoje, no tribunal, os advogados de "Djoko" classificaram a detenção e a possível deportação de seu cliente como "ilógicas", "irracionais" e "nada razoáveis".
Eles não conseguiram, porém, convencer os três juízes do Tribunal Federal, que rejeitaram o recurso por unanimidade, sem possibilidade de apelação.
Novak Djokovic foi preso em sua chegada à Austrália, em 5 de janeiro, e posto, inicialmente, em detenção administrativa.
O jogador, que disse ter contraído covid-19 em dezembro, esperava uma isenção para entrar no país sem estar vacinado. A alegação foi considerada insuficiente pelas autoridades.
Em 10 de janeiro, o governo australiano sofreu um revés humilhante, quando um juiz bloqueou a deportação de Djokovic, restabeleceu seu visto e ordenou sua libertação imediata.
Na sexta-feira, o ministro da Imigração contra-atacou e cancelou seu visto pela segunda vez, em virtude de seus poderes discricionários, alegando "razões de saúde e de ordem pública".
Em um comunicado publicado na última quarta-feira (12/01), o tenista admitiu ter preenchido incorretamente sua declaração de entrada na Austrália.
O 86 vezes campeão da ATP, que foi visto na Sérvia e na Espanha duas semanas antes de seu desembarque na Austrália, responsabilizou sua equipe, afirmando que houve um "erro humano".
Com informação da France Press
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