O Abril Marrom é o mês da prevenção da cegueira e cuidados com os olhos. A oftalmologista e diretora do Banco de Olhos do Amazonas, Cristina Garrido, que coordena as centrais de doações e captações de córneas na Fundação Hospital Adriano Jorge, unidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), e no Instituto Médico Legal (IML), esclarece sobre cuidados com a saúde ocular, prevenção da cegueira e transplante de córnea.
Diretora do Banco de Olhos do Amazonas Cristina Garrido. Fotos: Rodrigo Santos/SES-AM
De acordo com Cristina, neste mês a preocupação está voltada para a prevenção dos tipos de cegueira e das causas que podem levar uma pessoa ao transplante de córnea (tecido translúcido que fica na superfície do olho).
“Devemos nos preocupar tanto com a prevenção das causas de cegueiras reversíveis, como lesões de córnea, pterígio, catarata, quanto das irreversíveis, como glaucoma e retinopatias. Porém, ressaltamos as causas reversíveis de cegueira porque trabalhamos com os transplantes de córnea, cujos pacientes geralmente resgatam sua visão após a cirurgia”, afirma.
Reduzir a incidência
O objetivo da campanha Abril Marrom é reduzir a incidência dos distúrbios que afetam a visão, instruir o acesso ao tratamento adequado e esclarecer a importância do diagnóstico precoce e prevenir a cegueira.
“Alguns pacientes que sofreram traumas mais profundos com materiais perfurocortantes, chave de fenda, tesoura, ou que adquiriram infecções agravadas pela falta de acesso ao rápido atendimento, podem não conseguir reverter o quadro e evoluir para a cegueira, mesmo após realizada a cirurgia do transplante de córnea, daí a importância do diagnóstico e tratamento precoce”, explica.
Infecções e orientações
Uma das formas de precaução é combater o uso inadequado de lentes de contato, pois estas podem causar úlceras de córneas graves perfuradas, levando muitos pacientes a precisar de transplante de córnea de urgência, causando prejuízo ou perda da visão.
“Se essa lente de contato não for muito bem cuidada, você pode se contaminar com microrganismos muito graves, como é o caso, por exemplo, da Acanthamoeba, e caminhar para um transplante de córnea ou até para cegueira. Poucos são os pacientes com úlcera de córnea grave por Acanthamoeba que não necessitam de transplante de córnea, geralmente são casos graves que necessitam de um a dois anos de tratamento”, alerta a médica.
Algumas das orientações no uso das lentes de contato são: não dormir de lente, fazer a limpeza com solução adequada, não sendo recomendado a utilização de soro fisiológico, e trocar a lente na data de sua validade, conforme explica a oftalmologista.
Segundo a médica, existem variadas causas de infecção ocular como, por exemplo, contaminações por descuido no período pós-operatório, herpes ocular, úlceras pós-traumas, entre outros.
Saúde ocular
O atendimento em oftalmologia deve ser realizado, geralmente, uma vez ao ano, quando o usuário não apresenta queixas, alterações ou comorbidades.
O acompanhamento periódico é recomendado desde o nascimento, conforme Cristina.
“Se um recém-nascido é prematuro, deve ir logo ao oftalmologista antes que complete 2 meses de vida, deve realizar um exame rigoroso de fundo de olho porque, se houver alterações, dá tempo de serem tratadas, caso contrário a criança pode evoluir com retinopatia da prematuridade e chegar à cegueira irreversível. Se a criança nasce sem alterações oculares aos exames de rotina, ela vai visitar o oftalmologista aos 6 meses de vida e a seguir de seis em seis meses até completar 2 anos de idade, e depois, só uma vez por ano até os 8 anos”, enfatizou a médica.
Com informação da Agência Amazonas
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