Por Dulce Maria Rodriguez
As dificuldades sociais, econômicas e políticas na Venezuela têm perdurado e com isso houve a intensificação do fluxo de 4 milhões de venezuelanos. Pessoas que deixaram tudo para trás e trilham um novo caminho em busca de melhores condições de vida e o Brasil se tornou uns dos destino mais procurado por eles.
Neste 20 de junho é comemorado o Dia Mundial do Refugiado e a data é dedicada à conscientização sobre a situação dos refugiados em todo o mundo.
Mais de 500 mil migrantes e refugiados venezuelanos foram atendidos nas fronteiras brasileiras desde 2017, de acordo com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). Por conta de Manaus ser ligada por estradas com a Venezuela, tem-se mostrado uns dos principais destinos.
O Governo Federal criou em 2018, a Operação Acolhida para garantir o atendimento humanitário aos migrantes e refugiados venezuelanos em Roraima.
A Operação com o apoio de agências da ONU e de mais de 100 entidades da sociedade civil, oferece aos venezuelanos assistência emergencial. Com a implementação da estratégia de interiorização leva voluntariamente refugiados e migrantes do estado de Roraima e de Manaus para outras cidades no país.
Assim, reduz a pressão sobre comunidades locais que acolhem essas pessoas, minimizando o impacto sobre serviços e infraestruturas públicas na região, e proporciona novas oportunidades de vida para os migrantes.
“Fugi da fome”
Cadeirante por conta de um acidente na infância, a migrante e refugiada venezuelana Gabriela Peña fugiu da fome, da escassez generalizada e da repressão política em sua terra natal. Buscou segurança no Brasil, em Roraima.
Mesmo depois de finalmente ter acesso a alimentos e medicamentos, não conseguia encontrar o trabalho de que precisava para se sustentar. “Tentei muito encontrar alguma coisa – qualquer coisa. Mas era praticamente impossível”, disse a ex-agente aduaneira de 32 anos. O grande número de migrantes e refugiados venezuelanos em Roraima dificultou qualquer chance de encontrar trabalho estável por lá.
Felizmente, a sorte de Gabriela mudou depois que ela, sua mãe e seu marido foram transferidos pela Operação Acolhida de Boa Vista para São Paulo. Em solo paulista, Gabriela, que é formada em Administração, foi contratada pelo departamento de Recursos Humanos de um laboratório de diagnósticos.
Seu marido encontrou trabalho como mecânico de automóveis. Graças aos salários, a família alugou um modesto apartamento de dois quartos e Gabriela agora está esperando seu primeiro filho.
“Sem o voo gratuito que nos trouxe aqui, nada disso teria sido possível. A interiorização nos salvou. Muito obrigada Brasil", salientou.
Inclusão
“A pandemia da Covid-19 tem demonstrado que só podemos prosperar se unimos nossos esforços e não deixamos ninguém para trás. Neste ano, com o Dia Mundial do Refugiado, queremos fazer um chamado para uma maior inclusão destas pessoas em diferentes setores da sociedade, principalmente nos setores de saúde, educação e esportes, e no mercado de trabalho”, afirma o representante do Acnur no Brasil, Jose Egas.
Para ressaltar a importância da inclusão e a capacidade das pessoas refugiadas em contribuir com as comunidades que as acolhem e alertar a opinião pública sobre a situação do deslocamento forçado no Brasil e no mundo, o Acnur e seus parceiros realizam diversas atividades para marcar o Dia Mundial do Refugiado.
Agenda
No dia 20 de junho, acontecem diversas atividades comemorativas, entre elas, um torneio de futebol nos abrigos Rondon 1 e 2 da Operação Acolhida em Boa Vista que marcarão a data com o lançamento do projeto esportivo Juego Limpio celebrando o esporte coletivo como ferramenta de cultura de paz e integração.
Em Manaus, oficinas de arte para adolescentes e jovens venezuelanos acontecerão em parceria com a instituição Hermanitos, além de jornadas de saúde e de apoio em assistência social a serem realizadas pelas organizações parceiras ADRA e Cáritas Arquidiocesana.
Também as redes sociais do AcnurR Brasil transmitirão a peça infantil “Qual o Meu Nome, Mamãe?”, produzida pelo grupo artístico Cegonha – Bando de Criação, em parceria com o grupo Mulheres do Brasil.
“Ao fortalecer a inclusão de pessoas refugiadas em nossas sociedades, podemos realizar muito mais. Juntos nós cuidamos, aprendemos e desenvolvemos nossas capacidades e empatia”, comenta o representante do Acnur no Brasil, Jose Egas.
Integram a agenda também uma live que reunirá manifestações artísticas de pessoas refugiadas em diversos países da América Latina, atividades culturais, debates virtuais e exposições sobre pessoas refugiadas que encontraram proteção no Brasil.
Fotos e vídeo: Operação Acolhida
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