Por Dulce Maria Rodriguez
O Brasil tem 152 milhões de usuários de Internet, o que corresponde a 81% da população do país com 10 anos ou mais. A estimativa é da pesquisa TIC Domicílios 2020 (Edição COVID-19 - Metodologia Adaptada), promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br).
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42% mais usuários das classes A e B procuraram serviços públicos on-line. Foto: divulgação
Pela primeira vez, o levantamento identificou uma proporção maior de domicílios com acesso à rede (83%) do que indivíduos usuários (81%). Na comparação com 2019, o aumento foi de 12 e de 7 pontos percentuais, respectivamente.
A metodologia utilizada na edição da pesquisa teve que ser adaptada às limitações impostas pela pandemia do novo coronavírus. As entrevistas foram realizadas entre outubro de 2020 a maio de 2021, preferencialmente pelo telefone.
“Durante a pandemia a Internet foi mais demandada em razão da migração de atividades essenciais para o ambiente digital. Os resultados mostram a resiliência da rede em um cenário de crise sanitária”, aponta o gerente do Cetic.br|NIC.br. Alexandre Barbosa.
Atividades on-line
A pesquisa reiterou o aumento na realização de atividades on-line durante a pandemia, que havia sido identificada anteriormente pelo Painel TIC Covid-19. No entanto, a pesquisa mostrou que desigualdades no aproveitamento das oportunidades on-line ainda persistem.
Usuários da Classe C, por exemplo, realizaram mais cursos à distância e estudaram mais por conta própria em 2020 em relação a 2019, mas ainda em proporções inferiores aos usuários da classe A.
Segundo o levantamento, mais usuários procuraram (42%), ou realizaram (37%) serviços públicos on-line em 2020. Essas atividades concentraram-se mais entre moradores de áreas urbanas, com mais escolaridade e das classes A e B.
Houve também crescimento da realização de transações financeiras no ambiente digital (43%, contra 33% em 2019), com aumento mais expressivo entre aqueles das classes C e DE.
Domicílios com Internet
O crescimento da proporção de domicílios com acesso à Internet se deu em todos os segmentos analisados: nas áreas urbanas e rurais, em todas as regiões, em todas as faixas de renda familiar e estratos sociais.
Os domicílios das classes C (91%) e DE (64%) apresentaram as maiores diferenças em comparação a 2019 (80% e 50%, respectivamente), e as diferenças regionais recuaram.
O principal tipo de conexão domiciliar foi a banda larga fixa (68%), com especial aumento das conexões por cabo ou fibra óptica, em consonância com o que revelou a última edição da TIC Provedores.
O estudo também mostrou que houve um aumento na presença de computador (desktop, portátil ou tablet) nos domicílios (passou de 39% em 2019 para 45% em 2020), revertendo uma tendência de declínio que vinha se desenhando nos últimos anos.
Usuários de Internet
A pesquisa detectou um aumento da proporção de usuários de Internet na comparação com 2019, sobretudo entre os moradores das áreas rurais (de 53% em 2019 para 70% em 2020), entre os habitantes com 60 anos ou mais (de 34% para 50%), entre aqueles com Ensino Fundamental (de 60% para 73%), entre as mulheres (de 73% para 85%) e nas classes DE (de 57% para 67%).
“Em 2020 houve uma aceleração do uso da rede entre parcelas mais vulneráveis da população. Apesar do maior alcance da Internet no Brasil, os indicadores apontam a persistência das desigualdades no acesso, com uma prevalência de usuários de classes mais altas, escolarizados e jovens”, pondera Barbosa.
TV supera computador
A proporção de acesso à Internet pela televisão apareceu pela primeira vez na série histórica da pesquisa acima da proporção de acesso pelo computador, alcançando 44% dos usuários brasileiros (7 pontos percentuais acima do registrado em 2019).
“O avanço do uso da Internet pela TV está associado ao consumo de cultura e entretenimento, que durante a pandemia passou a ser reportado por uma parcela maior da população”, diz Alexandre Barbosa. As maiores diferenças na utilização de Internet pela TV em relação a 2019 foram observadas entre usuários de 16 a 24 anos (chegando a 54%) e pretos (48%).
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