O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 27, que o Brasil ainda tem fatores de aceleração da inflação, como o componente fiscal, embora os últimos dois dados tenham sido, pela primeira vez, dentro da expectativa.
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Foto: divulgação
"Acreditamos que o pior momento da inflação já passou. Temos algumas medidas desenhadas pelo governo que precisamos entender qual é o impacto no processo inflacionário, ainda não está claro."
Campos Neto ainda comentou que a inflação brasileira hoje se situa na média dos últimos 20 anos em relação aos países desenvolvidos.
"O Brasil sempre trabalhou com inflação acima do mundo desenvolvido. Inflação hoje está até abaixo da mediana. Ao contrário dos últimos anos, em que era inflação brasileira, há um componente global muito forte da inflação", disse ele. "Obviamente temos que combater a inflação. Não vamos usar isso como desculpa, mas é importante entender os componentes da inflação."
Além disso, afirmou que, no mundo, já se observa uma indexação de salários, mas que ainda não se vê isso na inflação brasileira.
Política monetária capaz de frear processo inflacionário
Campos Neto assegurou que a política monetária adotada pela autarquia é capaz e vai frear o processo inflacionário no Brasil e avaliou que a maior parte do processo já foi feito. "Acreditamos que a ferramenta disponível é capaz e vai frear o processo inflacionário. Acreditamos que a maior parte do processo já foi feito", disse.
"Precisamos fazer trabalho de ancorar expectativas, é muito importante", afirmou, em outro momento.
Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC indicou uma nova alta da taxa básica de juros, hoje em 13,25%, na reunião de agosto, de igual (0,50pp) ou menor magnitude do que em junho.
Além disso, sinalizou que a taxa Selic deve ficar mais tempo em terreno significativamente contracionista, terminando o ano que vem em nível mais alto do que no cenário de referência (10%).
PIB
O presidente do Banco Central destacou ainda que o Brasil é um dos únicos países que está tendo revisão positiva para o crescimento econômico este ano.
Em sua avaliação, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deve ser forte, mas ponderou, em linha com a ata do Copom de junho que a expectativa é de desaceleração no segundo semestre devido ao aperto monetário.
Mercado de trabalho
Campos Neto também comentou sobre o desempenho melhor do que o esperado do mercado de trabalho no Brasil. "Desemprego está muito abaixo de antes da pandemia. Brasil está gerando mais vagas", disse, completando que a renda está menor do que no período pré-pandêmico e que a inflação alta tem corroído o poder de compra da população.
Com informação da Agência Estado
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