O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo disse à CPI da Covid-19 nesta terça-feira 15-6, que o desabastecimento de oxigênio nos hospitais de Manaus durou apenas dois dias: 14 e 15 de janeiro.
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A declaração de Campêlo irritou os senadores. Ao ser questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o período que faltou oxigênio medicinal no estado, Campêlo respondeu: “Na nossa rede pública estadual foram dois dias. (…) Nós temos registro de intermitência de fornecimento de oxigênio nos dias 14 e 15 de janeiro”, afirmou.
Após contestações, o ex-secretário respondeu que as pessoas que procuravam oxigênio após os dias 14 e 15 faziam tratamento em casa. “Uma coisa é faltar na rede de saúde, no hospital. Outra coisa é o paciente que está tratando em casa porque não tem vaga no hospital tentar comprar no mercado e não existir”, disse.
A declaração de Campêlo irritou os senadores Omar Aziz (PSD), Eduardo Braga (MDB) e Eliziane Gama. A senadora maranhense desabafou: “O senhor está tentando infantilizar essa comissão. (…) É revoltante ouvir do senhor que só faltou oxigênio dois dias no Estado do Amazonas”, disse.
Ênfase ao tratamento precoce
Campêlo declarou que a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, em visita a Manaus dias antes do colapso na cidade, deu ênfase ao tratamento com drogas sem eficácia para a Covid.
"No dia 4 de janeiro recebemos a dra. Mayra Pinheiro, na primeira reunião pela manhã 8 horas no auditório do Hospital Delphina Aziz, onde foi convocada, a sua assessoria convocou [...] e vimos uma ênfase da dra. Mayra Pinheiro, em relação ao tratamento precoce", afirmou Campêlo.
O chamado "tratamento precoce", defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e aliados, envolve remédios que não têm eficácia contra a Covid, como a cloroquina.
Autonomia dos médicos
Mayra Pinheiro deu depoimento na CPI em maio. Ela afirmou que o ministério nunca recomendou tratamentos para a Covid-19, apenas estabeleceu doses seguras para a utilização por médicos, que teriam autonomia para prescrevê-los.
Pouco depois da visita oficial que ela fez a Manaus, quando a cidade já dava sinais da segunda onda da pandemia, a capital amazonense viveu o colapso na saúde pública, com disparada de casos de Covid, falta de filas na UTI, escassez de oxigênio hospitalar e aumento no número de mortes.
Na sessão desta terça na CPI, a representante da bancada feminina, Eliziane Gama (Cidadania-MA) abordou o envio de hidroxicloroquina ao Amazonas.
Segundo a senadora, no dia 8 de janeiro, "Mayra Pinheiro envia 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina".
O ex-secretário explicou que o estado estava com "o estoque zerado". Ele confirmou que o lote era para "tratamento da Covid". "Na rede estadual não faz atendimento precoce, não orientava uso da cloroquina para atendimento da Covid. Isso é ato médico, que cada um faz de acordo com sua opinião", disse o depoente.
Redação com informação do G1
Fotos: divulgação
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