30/06/2025



A última noite do 58º Festival de Parintins se transformou em um grandioso ato de celebração e resistência cultural, com o Caprichoso apostando na força da floresta com o espetáculo "Kaá-Eté — Retomada pela vida" e o Garantido encerrando com o vibrante "Boi do Brasil", reafirmando a potência popular do Bumbá da Baixa da Xanda.

 

O Festival de Parintins é uma das maiores manifestações culturais do Brasil, realizado anualmente na ilha de Parintins, no Amazonas. Durante três noites, os bois Caprichoso e Garantido protagonizam um espetáculo de cores, música, dança e tradição amazônica no Bumbódromo - uma espécie de arena, diante de mais de 120 mil pessoas. Misturando arte, religiosidade, crítica social e orgulho regional, o festival celebra a identidade do povo amazônida e encanta o país com sua grandiosidade e emoção.

 

Neste ano, o Caprichoso defende o tetracampeonato com o tema "É tempo de retomada", enquanto o Garantido busca seu 33° título com "Boi do Povo, boi do povão".

 

O Boi Caprichoso abriu a terceira e última noite do Festival de Parintins com o espetáculo "Kaá-Eté – Retomada pela Vida", unindo força estética e espiritualidade para defender a floresta e os povos que nela vivem.

 

Iniciando o espetáculo, foi projetada a imagem de Chico Mendes no chão do bumbódromo. Logo em seguida, o boi Caprichoso surgiu em um 'homem borboleta' que tomou a arena e levou a galera azulada ao delírio.

 

Na última noite, o Caprichoso apresentou a lenda de Waurãga e os Wauã-Kãkãnemas. Segundo os saberes ancestrais, Waurãga é a deusa e guardiã da mata, chamada de “mãe de todas as mães desta mata”. Quando o território é violado por grileiros, madeireiros ou garimpeiros, ela desperta com olhar de fúria e aciona os Kãkãnemas, espíritos da floresta que habitam os corpos dos animais e travam uma batalha invisível contra os invasores.

 

Na galera, uma enorme 'cobra grande' ganhou vida, enquanto na arena o módulo alegórico revelou a cunhã-poranga Marciele Albuquerque, representando a mãe das mães. A toada 'Turbilhão azul', conduzida pelo levantador Patrick Araújo, fez uma verdadeira pororoca na arena.

 

Em seguida, o Caprichoso trouxe ao bumbódromo o ex-levantador de toadas Edilson Santana, que interpretou "Utopia Cabocla". Ao fundo, surgiu a sinhazinha Valentina Cid, que evoluiu ao lado do Touro Negro da Amazônia.

 

A figura do seringueiro amazônico também foi homenageada pelo boi, reconhecendo em Chico Mendes o símbolo de uma luta que resiste até hoje. A filha do líder seringueiro, Angela Mendes, entrou no bumbódromo ao lado da faixa "Amazônia de pê". O módulo alegórico ganhou os céus e trouxe o mapinguari e a porta-estandarte Marcela Marialva.

 

O amo Caetano Medeiros cantou e tocou charango, além de provocar o amo do boi rival.

 

No momento coreográfico, o espetáculo trouxe Yacuruna, o senhor das águas. Ser místico que habita o fundo dos rios e lagos, Yacuruna tem aparência híbrida e guarda as profundezas da Amazônia. De dentro dele surgiu a Mãe D'água, interpretada pela Rainha do Folclore, Cleise Simas.

 

A noite foi encerrada com um ritual indígena de cura, protagonizado pelo povo Yawanawá, do Acre, e conduzido pelo pajé Erick Beltrão. Os integrantes realizaram o mariri, um ajuntamento circular de cantos e danças que abre caminho para o xamã entrar em transe e buscar a cura espiritual dos enfermos. A cena trouxe à arena a força coletiva da sabedoria ancestral, ressaltando que a cura da terra passa também pela cura do corpo, do espírito e da memória dos povos originários.

 

*Fonte: g1 AM

Compartilhe

<p>Última noite do Festival de Parintins tem 'retomada' Kaá-Eté do Caprichoso e Garantido 'boi do Brasil'</p>

 
Galeria de Fotos
 







Copyright © 2021 O Contestador. Todos os Direitos Reservados.
Desenvolvido por ARTPAGES.COM.BR