Pesquisas divergem sobre resultado das eleições presidenciais na Venezuela

 
Pesquisas divergem sobre resultado das eleições presidenciais na Venezuela

22/07/2024



Nicolás Maduro tenta reeleição para o terceiro mandato - Foto: Instagram/Nicolás Maduro

 

As pesquisas eleitorais da Venezuela apresentam divergências significativas quanto ao resultado do pleito presidencial marcado para o próximo domingo (28). Enquanto algumas enquetes apontam uma vitória com ampla margem para o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, outras indicam uma vitória confortável do atual presidente Nicolás Maduro.

 

Institutos de pesquisa como Datincorp, Delphos e Meganálisis, entre outros, preveem uma vitória do opositor Edmundo, da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que é apoiado pela política María Corina Machado. Ela foi a favorita da oposição nas primárias, mas teve sua candidatura vetada por condenações judiciais.

 

Por outro lado, pesquisas realizadas pelo Centro de Medição e Interpretação de Dados Estatísticos (Cmide), Hinterlaces e Internacional Consulting Services (ICS), entre outros, indicam que Nicolás Maduro deve se reeleger para um terceiro mandato, conforme relatado pela Telesur, veículo estatal do país.

 

O sociólogo, economista político e analista venezuelano Luis Salas destacou à Agência Brasil que, historicamente, as pesquisas eleitorais na Venezuela tendem a favorecer o voto opositor. “Desde que o chavismo chegou ao poder, as pesquisas sempre sobrevalorizaram o voto opositor. Desde que Chávez foi presidente, e depois Maduro, os principais institutos de pesquisa erram e favorecem o voto da oposição”, afirmou.

 

A especialista Carmen Beatriz Fernández, diretora da DataStrategia, empresa especializada em medição de opinião pública para campanhas políticas, alertou para os problemas das pesquisas eleitorais na Venezuela. “Por que falham as pesquisas eleitorais? Basicamente por três razões: por causa da volatilidade do eleitorado, por falhas metodológicas e porque não são pesquisas, mas pseudopesquisas feitas para desinformar e serem usadas como propaganda”, destacou em uma rede social.

 

O venezuelano Francisco Rodriguez, professor da Universidade de Denver, nos Estados Unidos, reforçou a pouca confiança nas pesquisas do país. Segundo ele, desde 2017, sete institutos de pesquisas vêm sobrevalorizando o voto opositor. “Esses mesmos inquéritos sobrevalorizaram o voto da oposição, em média, nos últimos 10 anos, em 27,8%. Se corrigirmos esse viés, teríamos um virtual empate técnico [entre Maduro e Edmundo González]”, afirmou.

 

Contexto Eleitoral:

 

Dona da maior reserva comprovada de petróleo do planeta, a Venezuela vai às urnas no próximo domingo, com cerca de 21 milhões de eleitores escolhendo o próximo presidente, que governará o país entre 2025 e 2031. O presidente Nicolás Maduro, no poder desde 2013, enfrenta nove concorrentes.

 

Esta é a primeira eleição desde 2015 em que toda a oposição concordou em participar do pleito. Desde 2017, os principais partidos de oposição vêm boicotando as eleições nacionais.

 

A Venezuela tem enfrentado um bloqueio financeiro e comercial desde 2017, imposto por potências como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia, que não reconhecem a legitimidade do governo Maduro. O país passou por uma grave crise econômica, com hiperinflação e perda de cerca de 75% do PIB, resultando na migração de mais de 7 milhões de pessoas.

 

Desde meados de 2021, a economia venezuelana tem mostrado sinais de recuperação. A hiperinflação foi controlada e a economia voltou a crescer em 2022 e 2023, embora os salários permaneçam baixos e os serviços públicos deteriorados.

 

Desde 2022, o embargo econômico vem sendo parcialmente flexibilizado e um acordo entre oposição e governo foi firmado para as eleições deste ano. No entanto, denúncias de prisões de opositores nos últimos dias e a recusa de alguns candidatos da oposição, incluindo o favorito Edmundo González, em assinar um acordo para respeitar o resultado eleitoral, levantam dúvidas sobre o cenário pós-eleição.

 

*Com informações da Agência Brasil.

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