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A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP) participa de uma pesquisa que identificou o surgimento de uma nova linhagem do vírus Oropouche (OROV) na região amazônica brasileira. O estudo analisou 382 genomas do vírus, coletados de pacientes no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima entre 2022 e 2024, e os resultados foram divulgados recentemente.
A pesquisa revelou que a nova linhagem do vírus Oropouche provavelmente surgiu entre 2010 e 2014, na região central do Amazonas. "Nós conseguimos mapear a origem do vírus entre 2010 e 2014 no interior do Amazonas, mais especificamente em Tefé", explicou o virologista Felipe Naveca, um dos autores do estudo e pesquisador da Fiocruz Amazônia. Ele destacou ainda que o vírus se espalhou para estados como Roraima, Acre e Rondônia, mapeando as rotas de migração do vírus, algo inédito até então.
Os especialistas identificaram que essa nova linhagem contém elementos genéticos de vírus que circularam na região amazônica oriental entre 2009 e 2018, além de informações de vírus registrados em países como Peru, Colômbia e Equador. Isso sugere uma recombinação genética do vírus ao longo dos anos.
O estudo, que contou com a participação de 11 pesquisadores da FVS-RCP, reforça a importância de monitoramento contínuo. “A iniciativa fortalece a importância de estudos como esse, que auxilia na compreensão do cenário e enfrentamento à doença”, afirmou Tatyana Amorim, diretora-presidente da FVS-RCP.
As descobertas são fundamentais para a criação de estratégias de vigilância genômica e para entender melhor a real carga do vírus Oropouche, que tem impacto dentro e fora da região amazônica. A detecção da infecção foi realizada por meio de exames de PCR em tempo real, que também identificam o vírus Mayaro, seguindo um protocolo implementado em todos os Laboratórios Centrais de Saúde Pública do Brasil.
Luciana Fé, diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação da FVS-RCP, ressaltou a relevância dos dados obtidos. “Os dados obtidos nos fornecem subsídios para análises que ajudam o corpo de pesquisadores a formulação de conhecimento fortalecendo a tomada de decisões e entendimento sobre a doença”, comentou.
A pesquisa é fruto de uma colaboração entre diversas instituições brasileiras e internacionais, incluindo a Fiocruz, Universidade do Estado do Amazonas, Ministério da Saúde, e universidades dos Estados Unidos, como a Universidade da Califórnia e Cornell.
*Fonte: Secom
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