Após a morte de um trabalhador atingido pela queda da árvore de Natal de 30 metros no Largo de São Sebastião, neste domingo (23), especialistas apontam que a montagem da estrutura pode ter apresentado falhas no planejamento do içamento da carga e no uso de equipamentos de segurança.
A árvore tombou quando o guindaste que sustentava uma das partes da decoração se rompeu, atingindo dois trabalhadores. Antônio Paulo Rodrigues de Souza, 40 anos, morreu. E Henes Libório Ramos, 47 anos, teve uma fratura na canela.
Segundo o engenheiro mecânico e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia do Amazonas (CREA-AM), Frederico Cesarino, esse tipo de operação exige uma documentação específica e um planejamento técnico obrigatório.
“Todo o içamento de cargas precisa ser precedido de uma série de documentações. Não sabemos se essas documentações foram entregues, mas precisa ter uma Anotação de Responsabilidade Técnica assinada por um engenheiro mecânico, precisa ter um plano de rigging, que é o plano de içamento. Nesse plano, devem constar as condições do solo, o guindaste a ser utilizado, o raio de ação, as características da carga a ser içada”, explicou.
O engenheiro destacou, ainda, que a investigação deve avaliar se houve falha prévia ao serviço, e não apenas durante o processo de montagem.
“Haverá fiscalizações do Corpo de Bombeiros, perícia criminal, prefeitura, e o próprio conselho de engenharia também vai fazer a sua investigação para verificar onde houve a falha do planejamento do serviço prévio ao serviço em si”, completou.
Ausência de EPIs
Imagens registradas por testemunhas no momento do acidente mostram um dos trabalhadores vestido de Papai Noel, sem equipamentos de proteção aparentes.
Cesarino alerta que, além do planejamento técnico do guindaste, faltou o cumprimento de normas de segurança para trabalho em altura, como a Norma Regulamentadora 35.
“O Papai Noel também deveria estar com EPI. Além do plano de rigging, deveria ter sido feito todo um trabalho relacionado à NR-35, que precisa ser precedido de uma análise preliminar de risco. Todo trabalhador acima de dois metros e meio deveria estar com capacete, cinto de segurança e, se necessário, roupa antichamas, devido à proximidade com rede elétrica e instalações do equipamento”, afirmou.
*Fonte: A Crítica
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