Foto: Arquivo
O vasto campo de grama verde que surgiu às margens do Rio Negro neste período de estiagem severa no Amazonas chamou a atenção da população e viralizou em redes sociais nos últimos dias. Apesar da beleza natural que o espaço trouxe, a área pode causar impactos negativos à natureza quando as águas voltarem a subir, conforme especialistas.
O Rio Negro, que banha a capital amazonense, ainda enfrenta a instabilidade da seca de 2024, considerada a mais severa dos últimos 122 anos. Na pior cota registrada na história, o nível do rio atingiu 12,11 metros, em 9 de outubro. Nesta segunda-feira (11), o nível das águas chegou a 12,53 metros. Em todo o estado, a seca já afeta mais de 800 mil pessoas, conforme dados da Defesa Civil.
Com a queda do nível do rio, inicialmente a área se tornou um vasto banco de areia que antes era submerso. Com o tempo, uma vegetação densa chamada "Canarana" se desenvolveu e transformou o local em um "ponto turístico" temporário.
Segundo o professor de biologia André Menezes, a vegetação que surgiu no local é típica de áreas que enfrentam períodos de estiagem, funcionando como uma nova colonização do espaço.
Apesar disso, ele explicou que também há uma preocupação sobre o que a área pode trazer de impactos para a região quando o Rio Negro voltar a subir.
Segundo ele, com a subida das águas, o espaço deve se desprender e formar uma grande ilha flutuante formada pela vegetação, o que tende a bloquear a entrada da luz solar para os rios e diminuir a quantidade de oxigênio na água. Isso afeta a reprodução dos peixes que vivem na região.
Afeta a quantidade de peixes e a reprodução dos peixes, que já está sendo prejudicada por conta da temperatura média da água, que está mais alta, por conta da seca extrema, fazendo com que muitas regiões onde eles se reproduziam simplesmente deixarem de existir nessa seca extrema", explicou o professor.
Ainda segundo Menezes, o ambiente pode ser impactado por um grande período de tempo e também ser prejudicial para a saúde.
"O impacto que a nossa fauna de peixes sofre já é muito grande. E essas ilhas de capim que vão ficar flutuando por meses após o rio começar a encher, isso vai causar um prejuízo extremamente longevo. Isso aumenta também a proliferação de bactérias, isso pode aumentar os danos e doenças", contou o especialista.
Além de impactar a natureza, há também uma preocupação em relação a navegação pela região, segundo Menezes. Com a grande ilha flutuante pelo rio, viagens de barco podem ser afetadas devido a dificuldade para passar pelo trecho afetado sem atolar. Outro problema apontado pelo especialista é o mau cheiro.
"A medida que ela (vegetação) vai entrando em decomposição, ela vai acumulando ali substâncias que vão exalar um cheiro desagradável, oriundo da multiplicação de bactérias, oriundo do próprio processo de decomposição natural que essa vegetação vai sofrer e é uma decomposição extremamente lenta", alertou.
*Fonte: G1 AM
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